segunda-feira, 28 de abril de 2025

O mal de consequências ignoradas

Quando pregava, o Cristo, supremo libertador dos nossos espíritos, dirigia-se ao ser imortal e não a roupagem física que se corrompe pela desencarnação. Acima de tudo, o Mestre divino, desejava que tornássemo-nos conscientes do que somos em detrimento do que aparentamos. 

              Caracterizada por apresentar caráter dinâmico, o Espiritismo jamais terá a pretensão de dizer a última palavra. Por sermos imperfeitos, muito ainda nos falta no conhecimento e na atitude para nos credenciarmos ao reino dos céus. Quando pensamos que dominamos um determinado assunto, encontramos na própria doutrina, visões diferentes, mais aprofundadas a fim de saciar a fome do espírito imortal. Em razão disso, Pedro afirmou que de Jesus, provinham palavras de vida eterna.

          Assim acontece sobre o entendimento das nossas atitudes que, de forma impensada, ignorando as verdadeiras consequências, prejudicamos o próximo e a nós mesmos. Procurar ampliar a consciência, nestes casos, pode dar ensejo à nossa almejada mudança de comportamento.

 

Estudemos algumas questões de O Livro dos Espíritos a fim de nos auxiliar o entendimento:

 

657. Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à vida contemplativa, uma vez que nenhum mal fazem e só em Deus pensam?

R. “Não, porquanto, se é certo que não fazem o mal, também não fazem o bem e são inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na Terra. Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma vida toda pessoal e inútil à Humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.”

Vejam o destaque dado pelos espíritos superiores da Codificação, no que tange ao somente não praticar o mal.

640. Aquele que não pratica o mal, mas que se aproveita do mal praticado por outrem, é tão culpado quanto este? 

R. “É como se o houvera praticado. Aproveitar do mal é participar dele. Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que, achando-o feito, dele tira partido, é que o aprova; é que o teria praticado, se pudera, ou se ousara.”

Muitas pessoas dadas como boas, não fazem o mal por simples falta de oportunidade, a qual, quando ocorre, permitem aos indivíduos mostrar-se tais quais são. A ocasião faz o ladrão, desde que dormite, de forma latente, um ladrão dentro do indivíduo.

Na questão de número 642, quando pela primeira vez a li, fiquei impressionado. Como nossa responsabilidade, que imaginamos não existir nestes casos, pode ser tamanha, somente pela declarada falta de vontade de fazer o bem.

Ei-la:

642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? 

R. “Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

Depois, além do túmulo, sofremos e consideramo-nos injustiçados pelas perfeitas leis de Deus, por ignorarmos estes ensinos e ainda posamos de pessoas que, na vida, jamais prejudicaram alguém. Neste aspecto, Dr. Inácio Ferreira, no livro O Jugo leve, agrega belo aprendizado no exame da parábola do Bom Samaritano. Você recorda dela?

O sacerdote e o levita, que recusaram auxílio direto ao homem caído na estrada, vítima dos ladrões, jamais pensariam que, caso viesse a perecer, em consequência da agressão sofrida, a omissão rapidamente, se transformaria em co-responsabilidade. A Lei irá nos “cobrar” não somente pela oportunidade não aproveitada, mas também pelo descaso no cultivo do bem.

No lar, muitas vezes, um pequeno gesto de compreensão e silêncio é capaz de impedir graves consequências que irão requerer muitos anos, quiçá encarnações, para a devida reabilitação.

 Quando, através de meios escusos como a corrupção, as autoridades constituídas, os políticos, grandes empresários que deveriam zelar pelo bem público, afanam altas quantias em dinheiro, nem de longe suspeitam que, fruto da subtração deste recurso, serão responsabilizados pelos muitos irmãos que vierem a adoecer, passar fome e outras privações ou mesmo encontrarem a morte.

Há uma expressão que diz que quando lançamos as sementes ao solo conhecemos a quantidade que foram lançadas, porém não nos será possível prever a quantidade de bênçãos, que delas colheremos. Infelizmente, na situação em estudo neste artigo, essa expressão pode também ser empregada em relação à semente do mal que foi semeada.

Realmente, edificar a fé inabalável no espírito a ponto de nos predispormos à doação incondicional em todas as situações, é tarefa para muitas vidas sucessivas. 

Pensemos nisto.

Os grifos são nossos.

Referências

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.

(2) Ferreira, Inácio. O jugo leve. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2012. 215p.


2 comentários:

  1. Muito boa está explanação... De fácil entendimento... gratidão

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  2. Oi Silvia, eu que lhe agradeço o estímulo ao ler nosso modesto trabalho.

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