O mal de consequências ignoradas
Quando pregava, o Cristo, supremo libertador dos nossos espíritos,
dirigia-se ao ser imortal e não a roupagem física que se corrompe pela
desencarnação. Acima de tudo, o Mestre divino, desejava que tornássemo-nos
conscientes do que somos em detrimento do que aparentamos.
Estudemos algumas questões de O Livro
dos Espíritos a fim de nos auxiliar o entendimento:
657. Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à
vida contemplativa, uma vez que nenhum mal fazem e só em Deus pensam?
R. “Não, porquanto, se é certo que não fazem o mal, também
não fazem o bem e são inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus
quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe
impôs deveres a cumprir na Terra. Quem passa todo o tempo na meditação e
na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive uma
vida toda pessoal e inútil à Humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que
não houver feito.”
Vejam o destaque dado pelos espíritos
superiores da Codificação, no que tange ao somente não praticar o mal.
640. Aquele que não pratica o mal, mas que se aproveita do
mal praticado por outrem, é tão culpado quanto este?
R. “É como se o houvera praticado. Aproveitar do mal é
participar dele. Talvez não fosse capaz de praticá-lo; mas, desde que,
achando-o feito, dele tira partido, é que o aprova; é que o teria praticado, se
pudera, ou se ousara.”
Muitas pessoas dadas como boas, não fazem o mal
por simples falta de oportunidade, a qual, quando ocorre, permitem aos
indivíduos mostrar-se tais quais são. A ocasião faz o ladrão, desde que
dormite, de forma latente, um ladrão dentro do indivíduo.
Na questão de número 642, quando pela primeira
vez a li, fiquei impressionado. Como nossa responsabilidade, que imaginamos não
existir nestes casos, pode ser tamanha, somente pela declarada falta de vontade
de fazer o bem.
Ei-la:
642. Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?
R. “Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite
de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não
haver praticado o bem.”
Depois, além do túmulo, sofremos e
consideramo-nos injustiçados pelas perfeitas leis de Deus, por ignorarmos estes
ensinos e ainda posamos de pessoas que, na vida, jamais prejudicaram alguém. Neste
aspecto, Dr. Inácio Ferreira, no livro O
Jugo leve, agrega belo aprendizado no exame da parábola do Bom Samaritano.
Você recorda dela?
O sacerdote e o levita, que recusaram auxílio
direto ao homem caído na estrada, vítima dos ladrões, jamais pensariam que,
caso viesse a perecer, em consequência da agressão sofrida, a omissão
rapidamente, se transformaria em co-responsabilidade. A Lei irá nos “cobrar”
não somente pela oportunidade não aproveitada, mas também pelo descaso no
cultivo do bem.
No lar, muitas vezes, um pequeno gesto de compreensão e silêncio é capaz
de impedir graves consequências que irão requerer muitos anos, quiçá
encarnações, para a devida reabilitação.
Há uma expressão que diz que quando lançamos as sementes ao solo
conhecemos a quantidade que foram lançadas, porém não nos será possível prever
a quantidade de bênçãos, que delas colheremos. Infelizmente, na situação em
estudo neste artigo, essa expressão pode também ser empregada em relação à
semente do mal que foi semeada.
Realmente, edificar a fé inabalável no espírito a ponto de nos predispormos à doação incondicional em todas as situações, é tarefa para muitas vidas sucessivas.
Pensemos nisto.
Os grifos são nossos.
Referências
(1) Kardec, Allan. O Livro dos
Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed. Brasília.
Editora FEB, 1944. 494p.
(2) Ferreira, Inácio. O jugo
leve. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba.
Editora LEEPP, 2012. 215p.
Muito boa está explanação... De fácil entendimento... gratidão
ResponderExcluirOi Silvia, eu que lhe agradeço o estímulo ao ler nosso modesto trabalho.
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