Médium e Mediunidade
Questionados sobre que definição se pode dar dos
Espíritos, na questão 76 de O Livro dos Espíritos, Kardec obteve a seguinte
resposta da espiritualidade superior:
“Pode dizer-se que os
Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do
mundo material.”
Para habitar mundos físicos, os Espíritos
necessitam de corpos cuja matéria seja apropriada para habitar este ou aquele
mundo. São as várias moradas da casa de meu Pai, a que se referiu Jesus. A
Humanidade terrena se constitui, portanto, de Espíritos que habitam corpos
estruturados em matéria mais densa.
Da mesma forma que os homens encarnados se comunicam
entre si até mesmo estando em meios diversos, como o fundo do oceano, no espaço
ou nos mais longínquos rincões terrestres, os Espíritos (entenda-se aqui, os
seres desencarnados, habitantes das dimensões fora da Terra, porém ainda
providos de corpos de menor densidade material), também podem comunicar-se.
Não estranhe esta possibilidade de comunicação
entre os considerados “mortos” e os “vivos”. Basta entender que, como filhos de
Deus, um único Pai, estamos todos conectados, quer seja de maneira consciente
ou inconsciente.
Para clarear o pensamento, André Luiz tem
interessante ensinamento que diz que Deus auxilia a criatura, através das próprias
criaturas, sejam eles encarnados ou desencarnados. Quer dizer que ao se fazer
atuante na Criação pelas criaturas, Deus institui que todos nós sejamos intérpretes
da Sua vontade.
Daí surge o médium!
Em qualquer planeta ou dimensão, com maior ou
menor densidade material, que o Espírito esteja encarnado (revestido por alguma
espécie de corpo) ele será médium e haverá a mediunidade. Ou seja, mediunidade
não é fenômeno restrito ao planeta Terra. Chico Xavier dizia que, se Deus permitisse,
após desencarnar, ele gostaria de continuar a ser médium.
Os mais evoluídos, sábios e superiores
Espíritos, são melhores intérpretes, portanto melhores médiuns. Jesus é o sublime
intérprete de Deus. Jesus é médium de Deus.
Lembram-se? “Eu e meu Pai somos um”, é uma
clara referência de que o Cristo viveu e agiu entre nós, rigorosamente,
conforme a Lei Divina, nos deixando exemplos de como agir para redimirmo-nos e
também sermos um com o Pai, um dia, sabe-se lá Deus quando.
Os menos evoluídos, ignorantes e inferiores,
independentes de sua vontade, são também médiuns, porém ainda imperfeitos e
falíveis. Disse independente de sua vontade, mas acrescento de sua religião,
cultura, nacionalidade, etc. Temos médiuns católicos, evangélicos, testemunhas
de Jeová, ateus, materialistas, muçulmanos, budistas, umbandistas e claro,
espíritas e etc.
Onde há Espírito, haverá médium e mediunidade.
A mediunidade na Terra, é tão antiga quanto o
aparecimento do homem sobre ela.
Neste particular é lícito dizer que a mediunidade
não pertence ao Espiritismo, muito embora, de forma profunda e pioneira, Allan
Kardec a tenha magistralmente estudado, com auxílio dos Espíritos superiores, em
O Livro dos Médiuns e demais obras básicas da codificação Espírita.
Por ser a mediunidade uma condição psíquica do
Espírito imortal, ela pode se desenvolver e evoluir, assim como os sentidos
físicos do homem ainda se encontram em evolução. Desta afirmação resulta que
diferentes médiuns manifestarão diferentes graus de mediunidade com aptidões distintas
no campo da percepção, desde de que esta, se situe acima de sua condição
evolutiva.
Leiamos atentamente este pequeno texto:
“Há diversidade de
dons, mas o Espírito é o mesmo.
E há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo.
E há diversidade de
operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
Mas a manifestação do
Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é
dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra
do conhecimento;
E a outro, pelo mesmo
Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
E a outro a operação
de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir
os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação
das línguas.
Mas um só e o mesmo
Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como
quer.”
Para o leitor distraído, o texto acima
pertencerá a um autor espírita da modernidade ou talvez a uma obra de psicográfica
em que o espírito desejou falar dos aspectos da mediunidade e suas faculdades.
Contudo, estas afirmações são das próprias
mãos do apóstolo Paulo, registradas há vinte séculos, e constam no capitulo
doze de sua primeira carta aos coríntios.
Cada pessoa, esteja onde estiver, poderá agir
na obra do bem, em favor de si próprio e de acordo com suas possibilidades,
glorificando o privilégio de aprender e de servir.
(*) Todos os grifos são meus.
Referências
(1) Kardec, Allan. O Livro dos
Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed. Brasília.
Editora FEB, 1944. 494p.
(2) BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada. Tradução de Padre Antônio Pereira de Figueredo. Rio de
Janeiro: Encyclopaedia Britannica,
1980. Edição Ecumênica.
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