A
Reencarnação e a Doutrina Espírita
Vamos partir de algumas premissas,
que jugamos necessárias para o desenvolvimento de nossa reflexão neste artigo.
1. A reencarnação, embora seja
um dos princípios espíritas, não é patrimônio do Espiritismo, não tendo sido elaborada
por Allan Kardec e nem pelos Espíritos Superiores. Ela é uma das perfeitas leis
Divinas que equilibram a vida no Universo.
2. A reencarnação não é
privilégio dos seres humanos habitantes do planeta Terra. Ela é princípio
Universal e como tal, apresenta diferentes nuances em sua manifestação, ou
seja, há sim reencarnação no mundo dito espiritual.
3. O que já sabemos sobre a
reencarnação ou palingenesia, é muito, mais muito menos do que o que dela
realmente existe e conhecemos.
4. A codificação espírita para
a Terra no-la revelou em um de seus aspectos mais primitivos.
5. Em síntese, ela é o
mecanismo de transposição do corpo, seja ele qual for que envolve o Espírito (e
são muitos), de uma dimensão para outra, atendendo à necessária adequação, em
relação à composição, do envoltório do espírito ao orbe em que irá habitar. Por
outra, para ingressarmos em um mundo ou uma dimensão diferente da que
habitamos, sem a reencarnação, isso não será possível.
6. Quer queiram ou não,
acreditem ou não, todos reencarnam. Uns com mais consciência, outros com menos
e outros ainda com nenhuma consciência do fenômeno. Esta consciência faz muita
diferença, visando o melhor aproveitamento da encarnação.
7. Todas as reencarnações
estão sob o olhar onipresente de Deus, porém nem todas são planejadas. Há,
portanto, reencarnações compulsórias e alheias à vontade e consciência do
espírito. Neste caso, funciona o automatismo da lei.
Acima,
há muito material para nossas reflexões. Haveriam outras premissas, porém vamos
ao desenvolvimento do nosso texto.
Porém,
antes, desejo transcrever a resposta do irmão Alexandre a André Luiz, sobre os
processos da reencarnação, que consta no livro Missionários da Luz, em seu capítulo 13, chamado Reencarnação. O
autor espiritual da obra, ao acompanhar o desvelo com que os amigos espirituais
envolvem o processo de reencarnação de Segismundo, se mostra muito surpreso e
questiona:
O
que vimos, porém, com Segismundo – perguntei – é regra geral para todos os
casos?
– De
modo algum – respondeu o instrutor, atencioso –. Os processos de reencarnação,
tanto quanto os da morte física, diferem ao infinito, não existindo, segundo
cremos, dois absolutamente iguais.
Julgo
fundamental o conhecimento desta resposta do instrutor Alexandre. Ela, bem
compreendida, passa a alterar todo pretenso conhecimento que julguemos possuir
sobre a reencarnação e, tolos, acreditamo-nos em donos completos deste processo
que, por ser Universal, se manifesta de formas e métodos que fogem
completamente ao nosso alcance atual de entendimento.
No livro Anjos Decaídos, do espírito Dr. Inácio
Ferreira, pela psicografia de Carlos Baccelli há o relato de um caso muito
interessante, envolvendo um processo de reencarnação. Trata-se do caso de
Estela, segunda filha de um casal, cuja gestação já era de quatro semanas
e meia. Ela era uma das tuteladas do Instituto de Reencarnação Gabriel Delanne,
localizada no mundo espiritual.
Esta
instituição, como outras que existem na dimensão espiritual do Brasil,
objetiva, ao planejar o processo reencarnatório de espíritos aptos a tanto,
favorecer o melhor aproveitamento possível para os espíritos que ocuparão novos
corpos na Terra.
Sob este aspecto é importante destacar que os cientistas do mundo espiritual realizam estudos e pesquisas cooperando com as leis da evolução para efetuar intervenções positivas, dentre outras, no campo da genética, assim como, de forma mais incipiente, se faz aqui na Terra. Relembrando que, em todos os níveis, a Ciência na vida espiritual está muito adiante da Ciência em nosso planeta.
No caso que
registramos, os técnicos do referido instituto, informam que existe grande
probabilidade de que o corpo em formação de Estela, caso a reencarnação se
concretizasse, correria desnecessário risco de ser incompatível com seus
méritos e necessidades de aprendizagem atual, pois seu futuro genitor apresentava,
em sua carga hereditária, os genes responsáveis pelo desencadear de certa
patologia de natureza psíquica - a esquizofrenia.
O embrião,
embora com quase 5 semanas de desenvolvimento, quando acusava três semanas e
meia passou a degenerar-se, pois Estela, em seu inconsciente, registrou que herdaria
um corpo inadequado e com veemência passou a repeli-lo.
Esclarece
ainda que, a não ser nos casos em que o espírito candidato a reencarnação seja
adotado de suficiente força mental para interferir na disposição dos genes, a
combinação cromossômica, como fenômeno biológico, dificilmente deixaria de
cumprir-se.
O assunto realmente é delicado e complexo.
A equipe espiritual do
instituto, ao se deslocar para a Terra na casa da família de Estela, enquanto
os futuros pais dormiam, deram início a uma complicada operação magnética
concentrando-se em desfazer os filamentos que uniam o perispírito de Estela ao
novo corpo em formação que estava prestes a sucumbir.
Interrogado por Domingas,
sobre como Estela, cuja gestação ainda não completara dois meses, teria
conseguido a percepção de que renasceria em um corpo deficiente, Dr. Inácio
respondeu que a intuição e a profunda insegurança que a acometeu foram fatores
essenciais; esclareceu ainda que desde o ventre materno os embriões pressentem,
por exemplo, se serão amados ou não e alguns até se renascerão ou não, com
alguma limitação de natureza física.
Importante observação feita por
um dos técnicos é que Estela estava demasiadamente alterada, muito agitada,
enquanto espírito reencarnante e se não viessem intervir, de qualquer maneira
sua gestação não se consumaria.
Convido caros leitores a consultarmos a
questão de número 345 do Livro dos
Espíritos:
É definitiva a união do Espírito com o corpo
desde o momento da concepção? Durante esta primeira fase, poderia o Espírito
renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado?
R. “É definitiva a união, no sentido de que outro Espírito não
poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os
laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e
podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que
escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga. ”
No caso em pauta, a prova que
se desenhava para a Estela, não havia sido previamente escolhida por ela.
Consultemos também a questão 346-a) do Livro
dos Espíritos para melhorar o entendimento do caso apresentado:
Qual
a utilidade dessas mortes prematuras?
R. “Dão-lhes causa, as mais das vezes, as imperfeições da
matéria.”
Vejam, “...os laços (...) podem romper-se por vontade do Espírito” e “as imperfeições da matéria” podem, em
parte, explicar estas gestações frustradas. Vivendo em um planeta de expiações
e provas, e ao meu ver, muito mais de expiação que de prova, acredito que estas
ocorrências sejam mais comuns que imaginamos.
É claro que no livro referido, o caso contém
mais aprofundamento e outros aspectos alusivos às questões da reencarnação,
como, por exemplo, o que acontecerá no mundo espiritual, com este espírito que
desencarnou quando ainda era gerado no útero materno. Por isso, sugiro a leitura
do livro para ampliamos, um pouquinho que seja, nossas ínfimas noções sobre a
reencarnação como lei Universal.
(*) Todos os grifos são meus.
Referências
(1) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.
(2)
Ferreira, Inácio. Anjos Decaídos. Psicografado por Carlos A.
Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2014. 350p.
(3)
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro.
67ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário