segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

 

A Reencarnação e a Doutrina Espírita

 

    Vamos partir de algumas premissas, que jugamos necessárias para o desenvolvimento de nossa reflexão neste artigo.

1. A reencarnação, embora seja um dos princípios espíritas, não é patrimônio do Espiritismo, não tendo sido elaborada por Allan Kardec e nem pelos Espíritos Superiores. Ela é uma das perfeitas leis Divinas que equilibram a vida no Universo.

2. A reencarnação não é privilégio dos seres humanos habitantes do planeta Terra. Ela é princípio Universal e como tal, apresenta diferentes nuances em sua manifestação, ou seja, há sim reencarnação no mundo dito espiritual.

3. O que já sabemos sobre a reencarnação ou palingenesia, é muito, mais muito menos do que o que dela realmente existe e conhecemos.  

4. A codificação espírita para a Terra no-la revelou em um de seus aspectos mais primitivos.

5. Em síntese, ela é o mecanismo de transposição do corpo, seja ele qual for que envolve o Espírito (e são muitos), de uma dimensão para outra, atendendo à necessária adequação, em relação à composição, do envoltório do espírito ao orbe em que irá habitar. Por outra, para ingressarmos em um mundo ou uma dimensão diferente da que habitamos, sem a reencarnação, isso não será possível.

6. Quer queiram ou não, acreditem ou não, todos reencarnam. Uns com mais consciência, outros com menos e outros ainda com nenhuma consciência do fenômeno. Esta consciência faz muita diferença, visando o melhor aproveitamento da encarnação.

7. Todas as reencarnações estão sob o olhar onipresente de Deus, porém nem todas são planejadas. Há, portanto, reencarnações compulsórias e alheias à vontade e consciência do espírito. Neste caso, funciona o automatismo da lei.

     Acima, há muito material para nossas reflexões. Haveriam outras premissas, porém vamos ao desenvolvimento do nosso texto.

Porém, antes, desejo transcrever a resposta do irmão Alexandre a André Luiz, sobre os processos da reencarnação, que consta no livro Missionários da Luz, em seu capítulo 13, chamado Reencarnação. O autor espiritual da obra, ao acompanhar o desvelo com que os amigos espirituais envolvem o processo de reencarnação de Segismundo, se mostra muito surpreso e questiona:

O que vimos, porém, com Segismundo – perguntei – é regra geral para todos os casos?

– De modo algum – respondeu o instrutor, atencioso –. Os processos de reencarnação, tanto quanto os da morte física, diferem ao infinito, não existindo, segundo cremos, dois absolutamente iguais.

Julgo fundamental o conhecimento desta resposta do instrutor Alexandre. Ela, bem compreendida, passa a alterar todo pretenso conhecimento que julguemos possuir sobre a reencarnação e, tolos, acreditamo-nos em donos completos deste processo que, por ser Universal, se manifesta de formas e métodos que fogem completamente ao nosso alcance atual de entendimento.

No livro Anjos Decaídos, do espírito Dr. Inácio Ferreira, pela psicografia de Carlos Baccelli há o relato de um caso muito interessante, envolvendo um processo de reencarnação. Trata-se do caso de Estela, segunda filha de um casal, cuja gestação já era de quatro semanas e meia. Ela era uma das tuteladas do Instituto de Reencarnação Gabriel Delanne, localizada no mundo espiritual.

Esta instituição, como outras que existem na dimensão espiritual do Brasil, objetiva, ao planejar o processo reencarnatório de espíritos aptos a tanto, favorecer o melhor aproveitamento possível para os espíritos que ocuparão novos corpos na Terra.

Sob este aspecto é importante destacar que os cientistas do mundo espiritual realizam estudos e pesquisas cooperando com as leis da evolução para efetuar intervenções positivas, dentre outras, no campo da genética, assim como, de forma mais incipiente, se faz aqui na Terra. Relembrando que, em todos os níveis, a Ciência na vida espiritual está muito adiante da Ciência em nosso planeta.

No caso que registramos, os técnicos do referido instituto, informam que existe grande probabilidade de que o corpo em formação de Estela, caso a reencarnação se concretizasse, correria desnecessário risco de ser incompatível com seus méritos e necessidades de aprendizagem atual, pois seu futuro genitor apresentava, em sua carga hereditária, os genes responsáveis pelo desencadear de certa patologia de natureza psíquica - a esquizofrenia.

O embrião, embora com quase 5 semanas de desenvolvimento, quando acusava três semanas e meia passou a degenerar-se, pois Estela, em seu inconsciente, registrou que herdaria um corpo inadequado e com veemência passou a repeli-lo.

Esclarece ainda que, a não ser nos casos em que o espírito candidato a reencarnação seja adotado de suficiente força mental para interferir na disposição dos genes, a combinação cromossômica, como fenômeno biológico, dificilmente deixaria de cumprir-se.

O assunto realmente é delicado e complexo.

 A equipe espiritual do instituto, ao se deslocar para a Terra na casa da família de Estela, enquanto os futuros pais dormiam, deram início a uma complicada operação magnética concentrando-se em desfazer os filamentos que uniam o perispírito de Estela ao novo corpo em formação que estava prestes a sucumbir.

Interrogado por Domingas, sobre como Estela, cuja gestação ainda não completara dois meses, teria conseguido a percepção de que renasceria em um corpo deficiente, Dr. Inácio respondeu que a intuição e a profunda insegurança que a acometeu foram fatores essenciais; esclareceu ainda que desde o ventre materno os embriões pressentem, por exemplo, se serão amados ou não e alguns até se renascerão ou não, com alguma limitação de natureza física.

Importante observação feita por um dos técnicos é que Estela estava demasiadamente alterada, muito agitada, enquanto espírito reencarnante e se não viessem intervir, de qualquer maneira sua gestação não se consumaria

Convido caros leitores a consultarmos a questão de número 345 do Livro dos Espíritos:

É definitiva a união do Espírito com o corpo desde o momento da concepção? Durante esta primeira fase, poderia o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado?

R. “É definitiva a união, no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas, como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem e podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga. ”

 

 No caso em pauta, a prova que se desenhava para a Estela, não havia sido previamente escolhida por ela.

Consultemos também a questão 346-a) do Livro dos Espíritos para melhorar o entendimento do caso apresentado:

          Qual a utilidade dessas mortes prematuras?

R. “Dão-lhes causa, as mais das vezes, as imperfeições da matéria.”

Vejam, “...os laços (...) podem romper-se por vontade do Espírito”  e  “as imperfeições da matéria” podem, em parte, explicar estas gestações frustradas. Vivendo em um planeta de expiações e provas, e ao meu ver, muito mais de expiação que de prova, acredito que estas ocorrências sejam mais comuns que imaginamos.

É claro que no livro referido, o caso contém mais aprofundamento e outros aspectos alusivos às questões da reencarnação, como, por exemplo, o que acontecerá no mundo espiritual, com este espírito que desencarnou quando ainda era gerado no útero materno. Por isso, sugiro a leitura do livro para ampliamos, um pouquinho que seja, nossas ínfimas noções sobre a reencarnação como lei Universal.

 

(*) Todos os grifos são meus.

Referências

(1) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.

 (2) Ferreira, Inácio. Anjos Decaídos. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2014. 350p.

 (3) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.

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