É preciso estudar mais.
Mesmo
na dimensão espiritual, o espírito desencarnado não gozará, em plenitude, de
todas as faculdades e potencialidades que tão somente as teremos quando
exibirmos superiores condições evolutivas.
Nesse
contexto, podemos refletir sobre algumas destas faculdades por nós conhecidas, dentre outras tantas que ainda permanecem latentes e somente despertarão no grande
futuro.
A
premissa básica, embora para muitos ainda não pareça, é que a
desencarnação, por si só, não dota o espírito de faculdades, conhecimentos e virtudes
que ele, por seu próprio esforço não tenha adquirido. Trocando em miúdos, a
pessoa que encarnada não logrou transcendência, quando desencarnada prosseguirá no mundo espiritual, com toda a humanidade possível. A morte, para
este, representará um pequeno passo (para frente, para o lado ou para trás) que
somente o despojará de sua vestimenta física.
Não
esqueça disso. Esse saber é fundamental!
Vamos
às mais conhecidas e que muitos companheiros espíritas ou simpatizantes da
doutrina imaginam, de maneira equivocada, sua manifestação.
Considerando
os que desencarnam na Terra em retorno à pátria espiritual, a maioria
não conseguirá volitar. A volitação é a capacidade dos espíritos de se deslocarem pelo espaço sem
precisar de esforço físico, movendo-se com a força do pensamento e da vontade.
Essa
faculdade diz respeito à leveza manifesta pelo perispírito e à sua condição
mental. Fica claro ao leitor, que ambas as situações requeridas para o ato de
volitar em plenitude, é característico de uma enorme minoria dos habitantes da
Terra. Leveza perispiritual e condição mental são fatores que estão
diretamente relacionados à evolução espiritual nos seus aspectos intelectual e
moral.
Nós,
terráqueos, espíritos de pouca evolução, nem durante o sono logramos nos
afastar do corpo físico com tanta facilidade, fazendo jus à afirmativa de que o
corpo físico para o espírito, representa uma prisão. Não há referência no livro
Nosso Lar, de que André Luiz tenha
volitado, aliás, por longo tempo, antes de ser recolhido ao ministério do
Auxílio, se locomovia com dificuldade no Umbral. Concordamos, portanto, com Dr.
Inácio quando afirma que numerosos de nós, ao desencarnarmos, sairemos de maca, muitos
arrastando-se e poucos caminhando.
Avançando,
reflitamos sobre a comunicação telepática. Recorramos às lições de André Luiz
do livro Evolução em Dois Mundos, na
segunda parte, sobre a linguagem dos desencarnados ao responder como se caracteriza
a linguagem entre os Espíritos.
Incontestavelmente,
a linguagem do
Espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio. (...) . Círculos espirituais
existem, em planos de grande sublimação, nos quais os desencarnados,
sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e
pela grandeza moral, conseguem plasmar, com as próprias ideias, quadros vivos
que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a
despesa mínima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e
beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da
reflexão, conseguem formar telas aflitivas em circuitos mentais fechados e
obsessivos, sobre as mentes que magneticamente jugulam.
Aprendemos que nem só
os espíritos evoluídos comunicam-se telepaticamente. Assim como o corpo físico “fala”,
o Espírito, nas suas diversas expressões, também se manifesta, sendo a imagem
que dele naturalmente flui, sua mais forte forma de comunicação. Por este mesmo
princípio, os Espíritos desencarnados durante o transe, agem sobre os médiuns, à
base das imagens positivas ou negativas (os ideogramas), que transmitem com
suas próprias palavras ou recursos disponíveis.
André Luiz, porém, finaliza
a resposta com importante ressalva, que nos atinge naturalmente:
Todavia,
não obstante reconhecermos que a imagem está na base de todo intercâmbio entre
as criaturas encarnadas ou não, é forçoso observar que a linguagem
articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental
importância nas regiões a que o homem comum será transferido
imediatamente após desligar-se do corpo físico.
O
espaço das nações representa o duplo, no mundo espiritual de cada nação, ou
seja, no mundo espiritual acima ao Brasil, a maioria dos espíritos desencarnados
que ali habitarem, utilizarão a linguagem verbal como recurso de comunicação e
o idioma, é claro, será o português, assim como na dimensão espiritual
referente a Alemanha, o idioma será o alemão e assim por diante.
Não
podemos deixar de remeter nosso assíduo leitor deste blog, ao profundo
ensinamento da Ministra Veneranda, no capítulo 37 do livro Nosso Lar quando faz
reflexões sobre a surpresa que muitos espíritos desencarnados experimentam
sobre este tema. Vejamos:
Não
haviam aprendido que o pensamento é a linguagem universal? Não foram informados
de que a criação mental é quase tudo em nossa vida? São numerosos os irmãos que
formulam semelhantes perguntas. Todavia, encontraram aqui a habitação, o
utensílio e a linguagem terrestres. (...).
O
pensamento é a base das relações espirituais dos seres entre si, mas não
olvidemos que somos milhões de almas dentro do Universo, algo insubmissas
ainda às leis universais. (...).
Os
grandes instrutores da humanidade carnal ensinam princípios divinos, expõem
verdades eternas e profundas, nos círculos do globo. Em geral, porém, nas
atividades terrenas, recebemos notícias dessas leis sem nos submetermos a
elas e tomamos conhecimento dessas verdades sem lhes consagrarmos nossas vidas.
Será crível que, somente por admitir o poder do pensamento, ficasse o homem
liberto de toda a condição inferior? Impossível!
Informamo-nos
a respeito da força mental no aprendizado mundano, mas esquecemos que toda a
nossa energia, nesse particular, tem sido empregada por nós, em milênios
sucessivos, nas criações mentais destrutivas ou prejudiciais a nós mesmos.
(...).
“Todos
sabemos que o pensamento é força essencial, mas não admitimos nossa
milenária viciação no desvio dessa força.
Maravilha
de lições em tão poucas palavras. Dignas de um Espírito altamente evoluído, que
se propõe a sacrificar-se para nosso aprendizado. Reflitamos demoradamente
sobre os aspectos que Veneranda nos alerta quando se trata de levarmos à
prática nosso conhecimento sobre as realidades e verdades espirituais. A nossa
limitação espiritual, nos diversos campos de ação do espírito imortal, devemos
exclusivamente à nossa lentidão, preguiça e falta de vontade de transformação
genuína.
Comunicação exclusiva pelo pensamento ainda é conquista a ser efetuada por nós e nesse sentido, a oração e a reflexão são o melhor exercício para o desenvolvimento da telepatia.
Pergunta que se impõe:
quantos na Terra tem o hábito frequente, assíduo e disciplinado da oração e da
reflexão sublimada? Da sua resposta, que imagino tenha sido “raros irmãos”,
podemos concluir que, nas dimensões espirituais adjacentes do orbe terrestre
(espaço das nações), nós, espíritos desencarnados, falaremos com a boca e escutaremos
com os ouvidos.
Voltaremos
a este interessante assunto, no próximo artigo.
(*) Todos os grifos são meus.
Referências
(1) Luiz, André. Nosso Lar. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 45ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 281p.
(2) Ferreira, Inácio. Espírito
é gente!. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba.
Editora LEEPP, 2014. 282p.
(3)
Luiz, André. Evolução em dois mundos. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1985. 219p.
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