segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

 

É preciso estudar mais.

 

Mesmo na dimensão espiritual, o espírito desencarnado não gozará, em plenitude, de todas as faculdades e potencialidades que tão somente as teremos quando exibirmos superiores condições evolutivas.

Nesse contexto, podemos refletir sobre algumas destas faculdades por nós conhecidas, dentre outras tantas que ainda permanecem latentes e somente despertarão no grande futuro.

A premissa básica, embora para muitos ainda não pareça, é que a desencarnação, por si só, não dota o espírito de faculdades, conhecimentos e virtudes que ele, por seu próprio esforço não tenha adquirido. Trocando em miúdos, a pessoa que encarnada não logrou transcendência, quando desencarnada prosseguirá no mundo espiritual, com toda a humanidade possível. A morte, para este, representará um pequeno passo (para frente, para o lado ou para trás) que somente o despojará de sua vestimenta física.  

Não esqueça disso. Esse saber é fundamental!

Vamos às mais conhecidas e que muitos companheiros espíritas ou simpatizantes da doutrina imaginam, de maneira equivocada, sua manifestação.

Considerando os que desencarnam na Terra em retorno à pátria espiritual, a maioria não conseguirá volitar. A volitação é a capacidade dos espíritos de se deslocarem pelo espaço sem precisar de esforço físico, movendo-se com a força do pensamento e da vontade.

Essa faculdade diz respeito à leveza manifesta pelo perispírito e à sua condição mental. Fica claro ao leitor, que ambas as situações requeridas para o ato de volitar em plenitude, é característico de uma enorme minoria dos habitantes da Terra. Leveza perispiritual e condição mental são fatores que estão diretamente relacionados à evolução espiritual nos seus aspectos intelectual e moral.  

Nós, terráqueos, espíritos de pouca evolução, nem durante o sono logramos nos afastar do corpo físico com tanta facilidade, fazendo jus à afirmativa de que o corpo físico para o espírito, representa uma prisão. Não há referência no livro Nosso Lar, de que André Luiz tenha volitado, aliás, por longo tempo, antes de ser recolhido ao ministério do Auxílio, se locomovia com dificuldade no Umbral. Concordamos, portanto, com Dr. Inácio quando afirma que numerosos de nós, ao desencarnarmos, sairemos de maca, muitos arrastando-se e poucos caminhando.

Avançando, reflitamos sobre a comunicação telepática. Recorramos às lições de André Luiz do livro Evolução em Dois Mundos, na segunda parte, sobre a linguagem dos desencarnados ao responder como se caracteriza a linguagem entre os Espíritos.

Incontestavelmente, a linguagem do Espírito é, acima de tudo, a imagem que exterioriza de si próprio. (...) . Círculos espirituais existem, em planos de grande sublimação, nos quais os desencarnados, sustentando consigo mais elevados recursos de riqueza interior, pela cultura e pela grandeza moral, conseguem plasmar, com as próprias ideias, quadros vivos que lhes confirmem a mensagem ou o ensinamento, seja em silêncio, seja com a despesa mínima de suprimento verbal, em livres circuitos mentais de arte e beleza, tanto quanto muitas Inteligências infelizes, treinadas na ciência da reflexão, conseguem formar telas aflitivas em circuitos mentais fechados e obsessivos, sobre as mentes que magneticamente jugulam.

Aprendemos que nem só os espíritos evoluídos comunicam-se telepaticamente. Assim como o corpo físico “fala”, o Espírito, nas suas diversas expressões, também se manifesta, sendo a imagem que dele naturalmente flui, sua mais forte forma de comunicação. Por este mesmo princípio, os Espíritos desencarnados durante o transe, agem sobre os médiuns, à base das imagens positivas ou negativas (os ideogramas), que transmitem com suas próprias palavras ou recursos disponíveis.

André Luiz, porém, finaliza a resposta com importante ressalva, que nos atinge naturalmente:

Todavia, não obstante reconhecermos que a imagem está na base de todo intercâmbio entre as criaturas encarnadas ou não, é forçoso observar que a linguagem articulada, no chamado espaço das nações, ainda possui fundamental importância nas regiões a que o homem comum será transferido imediatamente após desligar-se do corpo físico.

O espaço das nações representa o duplo, no mundo espiritual de cada nação, ou seja, no mundo espiritual acima ao Brasil, a maioria dos espíritos desencarnados que ali habitarem, utilizarão a linguagem verbal como recurso de comunicação e o idioma, é claro, será o português, assim como na dimensão espiritual referente a Alemanha, o idioma será o alemão e assim por diante.

Não podemos deixar de remeter nosso assíduo leitor deste blog, ao profundo ensinamento da Ministra Veneranda, no capítulo 37 do livro Nosso Lar quando faz reflexões sobre a surpresa que muitos espíritos desencarnados experimentam sobre este tema. Vejamos:

Não haviam aprendido que o pensamento é a linguagem universal? Não foram informados de que a criação mental é quase tudo em nossa vida? São numerosos os irmãos que formulam semelhantes perguntas. Todavia, encontraram aqui a habitação, o utensílio e a linguagem terrestres. (...).

O pensamento é a base das relações espirituais dos seres entre si, mas não olvidemos que somos milhões de almas dentro do Universo, algo insubmissas ainda às leis universais. (...).

Os grandes instrutores da humanidade carnal ensinam princípios divinos, expõem verdades eternas e profundas, nos círculos do globo. Em geral, porém, nas atividades terrenas, recebemos notícias dessas leis sem nos submetermos a elas e tomamos conhecimento dessas verdades sem lhes consagrarmos nossas vidas. Será crível que, somente por admitir o poder do pensamento, ficasse o homem liberto de toda a condição inferior? Impossível!

Informamo-nos a respeito da força mental no aprendizado mundano, mas esquecemos que toda a nossa energia, nesse particular, tem sido empregada por nós, em milênios sucessivos, nas criações mentais destrutivas ou prejudiciais a nós mesmos. (...).

“Todos sabemos que o pensamento é força essencial, mas não admitimos nossa milenária viciação no desvio dessa força.

Maravilha de lições em tão poucas palavras. Dignas de um Espírito altamente evoluído, que se propõe a sacrificar-se para nosso aprendizado. Reflitamos demoradamente sobre os aspectos que Veneranda nos alerta quando se trata de levarmos à prática nosso conhecimento sobre as realidades e verdades espirituais. A nossa limitação espiritual, nos diversos campos de ação do espírito imortal, devemos exclusivamente à nossa lentidão, preguiça e falta de vontade de transformação genuína.

Comunicação exclusiva pelo pensamento ainda é conquista a ser efetuada por nós e nesse sentido, a oração e a reflexão são o melhor exercício para o desenvolvimento da telepatia.

Pergunta que se impõe: quantos na Terra tem o hábito frequente, assíduo e disciplinado da oração e da reflexão sublimada? Da sua resposta, que imagino tenha sido “raros irmãos”, podemos concluir que, nas dimensões espirituais adjacentes do orbe terrestre (espaço das nações), nós, espíritos desencarnados, falaremos com a boca e escutaremos com os ouvidos.  

Voltaremos a este interessante assunto, no próximo artigo.

(*) Todos os grifos são meus.

Referências

(1) Luiz, André. Nosso Lar. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 45ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 281p.

(2) Ferreira, Inácio. Espírito é gente!. Psicografado por Carlos A. Baccelli. 1ª ed. Uberaba. Editora LEEPP, 2014. 282p.

(3) Luiz, André. Evolução em dois mundos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1985. 219p.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  É preciso estudar mais.   Mesmo na dimensão espiritual, o espírito desencarnado não gozará, em plenitude, de todas as faculdades e pot...