Refletindo sobre o livre arbítrio
“Se ainda não conheces os ensinamentos do Cristo,
estás livre para fazer o que gostas. Entretanto, se já aceitastes as lições de
Jesus, estás livre para fazer o que deves.” Emmanuel
Ainda por muitas encarnações, infelizmente, a “sucata” nos será um peso
enorme, que sem esforços ingentes no bem, não lograremos reciclá-la em bons
serviços prestados.
Se o planeta que habitamos é de expiações e provas – sem dúvida mais
expiação que prova – encontramo-nos no lugar certo, respondendo por
deliberações infelizes do pretérito. Em outras palavras, como nos ensina
Emmanel:
“Em se
tratando de livre arbítrio, somos senhores na resolução adotada, mas
fatalmente, escravos nas consequências.”
Todos trazemos na intimidade do
próprio ser a dor, a aflição, o problema que nem sempre é solucionável à
maneira que gostaríamos que fosse e permanece assim tal qual a iluminada
assertiva de Paulo na epístola aos Corintios 12; 7-11.
E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações, foi-me
dado um espinho na carne, a
saber, um mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de não
me exaltar. (...) Pelo que sinto prazer nas
fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por
amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte.
O regenerado de Damasco nos concita
a vislumbrar nas dificuldades do caminho, as alegrias de ter a oportunidade de
resgatar nossos erros milenares, os quais estão imantados em nosso íntimo,
atendendo os ditames da lei de ação e reação. Jesus ressaltou que
bem-aventurado o aflito seria aquele que fizesse da dor um instrumento para a elevação de si mesmo, dando
ainda graças a Deus por lhe ofertar a oportunidade do refazimento reparador do
espírito. Aliás, semelhante
atitude do cristão é uma boa régua para medir o tamanho da consciência
prática frente os dissabores cotidianos.
Na questão 843 de O Livro dos Espíritos, Kardec realiza um
questionamento que nos parece a princípio, muito simples, cuja resposta encaixa
muito bem em nossas reflexões deste artigo:
Tem o homem o livre arbítrio
de seus atos?
“Pois que tem a liberdade de
pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre arbítrio, o homem seria máquina.
Entendo que, basicamente, o livre-arbítrio, será
sempre sumamente importante para todo empreendimento de regeneração que
decidamos realizar a fim de reparar nossas imperfeições. A vontade vem
imediatamente após, porém decidir por adotar um novo caminho, fazendo luz,
ou permanecer no mesmo, reprisando erros, será sempre uma decisão do
próprio espírito na sua jornada evolutiva.
E sobre este aspecto não cabe a ninguém interferir.
O próprio Cristo acatou as indevidas decisões de Pedro, Judas, Pilatos, Herodes
e mesmo após sua crucificação, entendeu Tomé em seu petitório descabido. O
médium Chico Xavier, que com sua vida exemplar, transcendeu como “o homem”
Chico Xavier, revelou-nos importante ensinamento:
“Uma das
coisas que sempre aprendi com os Benfeitores Espirituais é não tolher o livre
arbítrio de ninguém; os que viveram na minha companhia sempre tiveram
liberdade para fazer o que quiseram…”
Encerramos nossas considerações registrando elevado ensino que Emmanuel
nos propicia no livro O Essencial, na lição: As tres escolhas.
“ O discípulo apresentou-se ao orientador cristão e indagou:
— Instrutor, em sua opinião, qual é a lei que englobaria, em si todas as Leis
de Deus?
— A Lei do Bem.
— Entretanto — acrescentou o aprendiz —
quem diz “lei” refere-se a clima de ação que todos devemos observar.
— Isto mesmo.
— Nesse caso, onde ficaria o
livre-arbítrio?
O orientador meditou alguns momentos e considerou:
— O livre-arbítrio é concedido a todas as criaturas conscientes, porquanto, “a
cada Espírito será dado o que lhe cabe receber, conforme as próprias
obras.” O Criador, porém, não é autor de violência. Por isso,
até mesmo ante a Lei do Bem, a pessoa humana dispõe de três opções
distintas. Poderemos segui-la, parar na senda evolutiva, de
modo a não segui-la, ou afastarmo-nos dela pelos despenhadeiros do mal.
— Instrutor amigo, esclareça, por
obséquio, a que resultados nos levam as três escolhas referidas?
O mentor aclarou, com serenidade:
— Os que observam a Lei do Bem se
encaminham para as Esferas Superiores; os que
preferem descansar em caminho, por vezes se demoram muito tempo na inércia,
retomando a marcha com muitas dificuldades para a readaptação às tarefas da
jornada; e os que se distanciam voluntariamente, nos
resvaladouros do desequilíbrio, muitas vezes, gastam séculos, presos nos
princípios de causa e efeito, até que, um dia, deliberem aceitar a própria
renovação…
Compreendeu?
O aprendiz fez leve movimento
afirmativo e começou a pensar.”
Caros leitores, comecemos a pensar também.
Todos os grifos são nossos.
Referências:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos
Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed. Brasília.
Editora FEB, 1944. 494p.
(2) Emmanuel. O Essencial. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Editora Cultura Espírita União, 1986.
96p.
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