segunda-feira, 10 de novembro de 2025

 

A família de Dona Laura

 

Os laços afetivos, aqui, são mais belos e mais fortes. O amor, meu amigo, é o pão divino das almas, o pábulo sublime dos corações.

Dona Laura – Nosso Lar

 

Interessantes aspectos da relação familiar poderemos encontrar observando cuidadosamente a situação da família de Dona Laura, personagem do livro Nosso Lar. Denominemos assim, àquela que, por meio de Lísias, filho de Dona Laura, albergou André Luiz após receber alta do Hospital.

Recordemos que André Luiz chegou na colônia Nosso Lar, após passar um tempo na dimensão mais densa do Umbral, e não encontrou nenhum parente consanguíneo para dividir um lar. Sobre sua mãe, foi informado que ela residia em dimensões mais altas e seu pai ainda vagava no Umbral, em sofrimento. Como vemos, era um verdadeiro sem teto e sem família, no que se refere à parentela corporal.

Após a alta hospitalar, como dizíamos, Lísias, o servidor da saúde que o cuidou, assim se referiu a Clarêncio sobre André:

“estimaria recebê-lo em nossa casa, enquanto perdurar o curso de observações; lá, minha mãe o trataria como filho.”

Quando conhece a mãe de Lísias, ela diz que seria para ele, André, “uma irmã com funções maternais”. Interessante notarmos este acolhimento muito carinhoso a um “desconhecido”, pois não há menções claras no livro que fossem espíritos que já se conhecessem. Este fato nos é muito significante, pois Nosso Lar é uma colônia essencialmente de trabalho e realização e que acolhe espíritos recém desencarnados da Terra. Já vão longe os tempos em que este costume se fazia aqui na Terra. Hoje em dia uma atitude dessa, infelizmente, é praticamente impensada e temerosa.

Bem, falemos da família de Dona Laura.

Haviam vivido em antiga cidade do estado do Rio de Janeiro; e, em casa, residiam duas irmãs, Iolanda e Judite, além da neta, Eloisa que havia retornado há mais ou menos quinze dias da vida física em decorrência de uma tuberculose e em breve tempo, Tereza , filha de Laura e mãe de Eloisa também retornaria da Terra. Mencionamos também Ricardo, que na Terra fora marido de Laura e que desencarnou dezoito anos antes da esposa, período no qual, trabalhou em Nosso Lar conquistando o direito de possuir uma moradia.

Portanto, um lar em Nosso Lar formado por Dona Laura, suas irmãs Judite e Iolanda, o filho Lísias e a neta Eloisa, ao qual em breve, se juntaria Teresa, mãe de Eloisa.

Explicada a situação da família de Dona Laura, podemos então fazer nossas reflexões.

Temos aprendido que a vida aqui na Terra é uma cópia – bem pálida – da vida no mundo espiritual e não ao contrário, como muitos pensam. Desta forma, a constituição da família também.

Veja o leitor deste artigo que da mesma maneira que em nossa família consanguínea, pela desencarnação, alguns membros, sejam eles, pai, mãe, irmãos, etc, demandam a pátria espiritual, do lado de lá, também partem nossos familiares para a reencarnação, como no caso de Ricardo que já se encontrava encarnado com quatro anos de idade, na época que os fatos do livro foram narrados. Podemos até deduzir que, se ele for longevo, estando com quatro anos no ano de 1943, hoje deve estar com 86 de idade. Acrescenta-se que, segundo informação da própria Dona Laura, em breve, ela também reencarnaria e voltaria a se unir a Ricardo, o que também nos faz pensar que o casal possa, nos dias atuais, estar vivenciando suas experiências aqui na Terra como idosos. Enquanto isso, em Nosso Lar, Lísias e sua irmã Teresa, com a filha Eloisa e as tias Judite e Iolanda, compõem o novo lar, claro, com saudades de Ricardo e Dona Laura, residentes na Terra.

Podemos ainda nos referir à situação do pai de André Luiz, Laerte, que há doze anos se encontrava em uma zona de trevas compactas no Umbral e que não percebia a presença espiritual da esposa e nem de amigos que pretendia lhe auxiliar. Notem então que, embora residindo na mesma dimensão como desencarnados, Laerte e André, pai e filho na Terra, pelo menos por aquele período, não puderam se ver. Assim, pode acontecer também na Terra, quando familiares residem em locais muito distantes, como por exemplo em diferentes países e tem dificuldades de se reverem.

Desejo dizer que da mesma forma como sentimos falta dos que aqui partem pela desencarnação, os de lá, com a reencarnação deixam familiares que ficam saudosos, formando-se uma relação bem semelhante entre o que vive a parentela corporal e a espiritual. Creio ainda mais que, sob este ponto de vista, seja muito natural a “morte” dos espíritos, no mundo espiritual tendo como um dos destinos reencarnar na Terra. Para mim isso é muito claro, natural, lógico e necessário.

Agora, como é que nós encarnados, especialmente os espíritas, vamos entender este processo e mais ainda, como iremos denominá-lo, será problema nosso. Ao invés do termo “morte” de um espírito desencarnado, que nos causa estranheza por ele já se encontrar desencarnado, podemos usar o termo “transposição perispiritual”, o qual, salvo engano meu, foi cunhado pelo Dr. Inácio Ferreira. André Luiz trata especialmente desta questão da “morte” de espíritos desencarnados, no livro Os Mensageiros no capítulo vigésimo denominado Defesas contra o mal.

Os livros estão por aí, aguardando que suas lições sejam estudadas e refletidas. Neste aspecto, cito novamente o Dr. Inácio Ferreira que, através da mediunidade psicográfica de Carlos Baccelli, tem sido fundamental para melhor entendimento e elucidação das obras de Chico Xavier, notadamente as da lavra de André Luiz.

Aliás, diga-se de passagem, neste ano de 2025, completam 25 anos da parceria do Dr. Inácio com o médium uberabense Baccelli. São, até agora, 62 duas obras substanciosas, com muitas revelações e informações, além, é claro, das explicações que nos chamam a atenção para aspectos que havíamos lido há tempo nas obras de André Luiz e não havíamos atentado-nos propriamente.

(*) Todos os grifos são meus.

Referências

(1) Luiz, André. Nosso Lar. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 45ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 281p.

(2) Luiz, André.  Os Mensageiros. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 33ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 268p.


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