A família de Dona Laura
Os laços afetivos, aqui, são mais belos e mais fortes. O
amor, meu amigo, é o pão divino das almas, o pábulo sublime dos corações.
Dona Laura – Nosso Lar
Interessantes aspectos da relação familiar
poderemos encontrar observando cuidadosamente a situação da família de Dona
Laura, personagem do livro Nosso Lar.
Denominemos assim, àquela que, por meio de Lísias, filho de Dona Laura,
albergou André Luiz após receber alta do Hospital.
Recordemos que André Luiz chegou na colônia Nosso
Lar, após passar um tempo na dimensão mais densa do Umbral, e não encontrou
nenhum parente consanguíneo para dividir um lar. Sobre sua mãe, foi informado
que ela residia em dimensões mais altas e seu pai ainda vagava no Umbral, em
sofrimento. Como vemos, era um verdadeiro sem teto e sem família, no que se
refere à parentela corporal.
Após a alta hospitalar, como dizíamos, Lísias,
o servidor da saúde que o cuidou, assim se referiu a Clarêncio sobre André:
“estimaria recebê-lo em
nossa casa, enquanto perdurar o curso de observações; lá, minha mãe o trataria
como filho.”
Quando conhece a mãe de
Lísias, ela diz que seria para ele, André, “uma
irmã com funções maternais”. Interessante notarmos este acolhimento muito
carinhoso a um “desconhecido”, pois não há menções claras no livro que fossem
espíritos que já se conhecessem. Este fato nos é muito significante, pois Nosso
Lar é uma colônia essencialmente de trabalho e realização e que acolhe espíritos
recém desencarnados da Terra. Já vão longe os tempos em que este costume se
fazia aqui na Terra. Hoje em dia uma atitude dessa, infelizmente, é
praticamente impensada e temerosa.
Bem, falemos da família de Dona Laura.
Haviam vivido em antiga cidade
do estado do Rio de Janeiro; e, em casa, residiam duas irmãs, Iolanda e Judite,
além da neta, Eloisa que havia retornado
há mais ou menos quinze dias da vida física em decorrência de uma tuberculose e
em breve tempo, Tereza , filha de Laura e mãe de Eloisa também retornaria
da Terra. Mencionamos também Ricardo, que na Terra fora marido de Laura e que
desencarnou dezoito anos antes da esposa, período no qual, trabalhou em Nosso
Lar conquistando o direito de possuir uma moradia.
Portanto, um lar
em Nosso Lar formado por Dona Laura, suas irmãs Judite e Iolanda, o filho
Lísias e a neta Eloisa, ao qual em breve, se juntaria Teresa, mãe de Eloisa.
Explicada a
situação da família de Dona Laura, podemos então fazer nossas reflexões.
Temos aprendido
que a vida aqui na Terra é uma cópia – bem pálida – da vida no mundo espiritual
e não ao contrário, como muitos pensam. Desta forma, a constituição da família
também.
Veja o leitor
deste artigo que da mesma maneira que em nossa família consanguínea, pela desencarnação,
alguns membros, sejam eles, pai, mãe, irmãos, etc, demandam a pátria
espiritual, do lado de lá, também
partem nossos familiares para a reencarnação, como no caso de Ricardo que já se
encontrava encarnado com quatro anos de idade, na época que os fatos do livro
foram narrados. Podemos até deduzir que, se ele for longevo, estando com quatro
anos no ano de 1943, hoje deve estar com 86 de idade. Acrescenta-se que,
segundo informação da própria Dona Laura, em breve, ela também reencarnaria e voltaria
a se unir a Ricardo, o que também nos faz pensar que o casal possa, nos dias
atuais, estar vivenciando suas experiências aqui na Terra como idosos. Enquanto
isso, em Nosso Lar, Lísias e sua irmã Teresa, com a filha Eloisa e as tias
Judite e Iolanda, compõem o novo lar, claro, com saudades de Ricardo e Dona Laura,
residentes na Terra.
Podemos ainda
nos referir à situação do pai de André Luiz, Laerte, que há doze anos se
encontrava em uma zona de trevas compactas no Umbral e que não percebia
a presença espiritual da esposa e nem de amigos que pretendia lhe auxiliar.
Notem então que, embora residindo na mesma dimensão como desencarnados, Laerte e
André, pai e filho na Terra, pelo menos por aquele período, não puderam se ver.
Assim, pode acontecer também na Terra, quando familiares residem em locais
muito distantes, como por exemplo em diferentes países e tem dificuldades de se
reverem.
Desejo dizer que
da mesma forma como sentimos falta dos que aqui partem pela desencarnação, os
de lá, com a reencarnação deixam familiares que ficam saudosos, formando-se uma
relação bem semelhante entre o que vive a parentela corporal e a espiritual.
Creio ainda mais que, sob este ponto de vista, seja muito natural a “morte” dos
espíritos, no mundo espiritual tendo como um dos destinos reencarnar na Terra.
Para mim isso é muito claro, natural, lógico e necessário.
Agora, como é
que nós encarnados, especialmente os espíritas, vamos entender este processo e
mais ainda, como iremos denominá-lo, será problema nosso. Ao invés do termo “morte”
de um espírito desencarnado, que nos causa estranheza por ele já se encontrar
desencarnado, podemos usar o termo “transposição
perispiritual”, o qual, salvo engano meu, foi cunhado pelo Dr. Inácio
Ferreira. André Luiz trata especialmente desta questão da “morte” de espíritos desencarnados,
no livro Os Mensageiros no capítulo
vigésimo denominado Defesas contra o mal.
Os livros estão
por aí, aguardando que suas lições sejam estudadas e refletidas. Neste aspecto,
cito novamente o Dr. Inácio Ferreira que, através da mediunidade psicográfica
de Carlos Baccelli, tem sido fundamental para melhor entendimento e elucidação
das obras de Chico Xavier, notadamente as da lavra de André Luiz.
Aliás, diga-se
de passagem, neste ano de 2025, completam 25 anos da parceria do Dr. Inácio com
o médium uberabense Baccelli. São, até agora, 62 duas obras substanciosas, com
muitas revelações e informações, além, é claro, das explicações que nos chamam a
atenção para aspectos que havíamos lido há tempo nas obras de André Luiz e não havíamos
atentado-nos propriamente.
(*) Todos os grifos
são meus.
Referências
(1) Luiz, André. Nosso Lar. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 45ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 281p.
(2) Luiz, André. Os
Mensageiros. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 33ª
ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 268p.
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