segunda-feira, 20 de outubro de 2025

                      Elias, João Batista, Espírito da Verdade.

 

Elias é reconhecido como um importante profeta e precursor do Messias tendo vivido no século IX a.C. O novo testamento relata que tanto João Batista quanto Jesus foram associados a Elias e que João Batista teria vindo "no espírito e poder de Elias", entretanto, no entendimento da Doutrina Espírita, João Batista é a reencarnação de Elias. Aliás, o próprio Mestre nos fala disso.

É conhecida a passagem da Transfiguração no monte Tabor em que Moisés e Elias, com seus espíritos materializados, ladeiam a excelsa figura do Cristo transfigurado, com os apóstolos Pedro, Tiago e João presenciando o inesquecível fenômeno. Moisés, Jesus e Elias, representado as três revelações que Allan Kardec estuda logo no primeiro capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo.  

Quando descem do monte, os discípulos o interrogam, dizendo:

Por que dizem, então, os escribas que é mister que Elias venha primeiro?

Jesus responde-lhes:

Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista. (Mateus 17: 9-13)

Maravilhoso!

Jesus, claramente se referindo ao conceito da reencarnação e seus discípulos, pensando neste princípio, reconhecem que o Batista era, sem dúvida, Elias reencarnado.

Restaurar todas as coisas” é o que o Espiritismo viria realizar, após dezoito séculos, sob a coordenação do Espírito da Verdade.

 Posteriormente, vamos ver que o próprio Cristo testemunharia a respeito de João Batista, enaltecendo a sua missão quando diz:

 

“Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista, mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele. ” (Mateus, 11.11)

 Entendemos que João Batista arcaria com a responsabilidade de abrir para a Humanidade uma nova era. Nenhum outro espírito havia encarnado com missão maior que a de João Batista, e é por isso que Jesus diz que, dos nascidos de mulher, nenhum foi maior do que João Batista; entretanto, conquanto justifique o amor que o povo consagrava a João Batista, o Mestre adverte-o de que no mundo espiritual existiam Espíritos ainda maiores, por serem mais evoluídos que João Batista.

Segundo as anotações de Mateus, Jesus volta a afirmar:

“Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça” (Mateus, 11: 13-15)

Interessante constar que Malaquias, profeta judeu que viveu em 500 a.C., anunciou que Elias retornaria e que deveria preparar o caminho para a vinda do Senhor (4:5,6). É ainda, este mesmo profeta, evocando Isaías (40:3):

“Voz que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus”

A fama de João Batista se alastrou rapidamente, principalmente pela contundência de suas palavras sem perder a oportunidade de dizer:

 

O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas sandálias não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.”

 Pelo batismo, prática que herdara dos essênios, João Batista realizou muitas curas naqueles que o procuravam, até que certo dia, um Homem aproxima-se a passos calmos e ele reconhece o Messias que anunciava. A partir daí, João sai de cena orientando seus seguidores para que o esquecessem e seguissem a Jesus.

 

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua”    

João Batista sofreu pelo seu sacrifício pela Verdade, mas não somente por ela. Em razão da lei de causa e efeito, vem a sofrer a pena de decapitação, como saldo da dívida que havia contraído quando, na condição do espírito Elias, nos tempos do Rei Acabe, no ápice do Monte Carmelo, combateu os sacerdotes do deus Baal, ordenando que fossem decapitados. Aprendemos assim, que mesmo espíritos com alto grau de espiritualidade devem resgatar suas dívidas pendentes.

Quando Jesus diz, como vimos acima: “Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas”, fica claro que o Espírito da Verdade, que coordenou a codificação do Espiritismo na Terra, é a reencarnação de João Batista. Esse, por sua vez, era o médium do Cristo junto a Allan Kardec. O mestre lionês o considerava seu guia espiritual.

Na mensagem “Kardec e Napoleão” inserida no livro Cartas e Crônicas, psicografado por Chico Xavier, pelo espírito Irmão X, Napoleão em desdobramento no mundo espiritual, encontra-se em uma assembleia com “o mensageiro”, que seria O espirito da Verdade, e é por este, apresentado a Allan Kardec que ali também comparecia. Em determinado momento do encontro, o Espírito da Verdade que se dirige à Napoleão diz: “ouve a Verdade, que te fala em meu espírito! Eis-te à frente do apóstolo da fé, que sob a égide do Cristo”, ou seja, não poderia ser o Cristo que falava, pois se fosse, ao invés de ter dito “sob a égide do Cristo”, teria dito “sob a minha égide”.  

Todos estes pontos nos levam a acreditar que Elias, João Batista e o Espírito da Verdade, sejam o mesmo espírito comprometido desde há muito com Jesus Cristo em sua tarefa de fazer a Terra um planeta que caminhe para a terra da regeneração.

Concluo este artigo com um texto primoroso de Humberto de Campos no livro Boa Nova, chamado "Jesus e o Precursor" em que com enorme felicidade o autor retrata um encontro de dois jovens iniciando a adolescência, Jesus e João Batista, na casa de Maria e José:

“Maria e Isabel avistaram seus filhos, lado a lado, sobre uma eminência banhada pelos derradeiros raios vespertinos. De longe, afigurou-se-lhes que os cabelos de Jesus esvoaçavam ao sopro caricioso das brisas do alto. Seu pequeno indicador mostrava a João as paisagens que se multiplicavam a distância, como um grande general que desse a conhecer as minudências dos seus planos a um soldado de confiança. (...). Quem poderia saber qual a conversação solitária que se travara entre ambos? Distanciados no tempo, devemos presumir que fosse, na Terra, a primeira combinação entre o amor e a verdade, para a conquista do mundo. Sabemos, porém, que, na manhã imediata, em partindo o precursor na carinhosa companhia de sua mãe, perguntou Isabel a Jesus, com gracioso interesse: Não queres vir conosco? Ao que o pequeno carpinteiro de Nazaré respondeu, profeticamente, com inflexão de profunda bondade: “João partirá primeiro. ”

 Referências:

(1) BÍBLIA. Português. Bíblia sagradaTradução de Padre Antônio Pereira de Figueredo. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1980. Edição Ecumênica.

(2) Irmão X. Cartas e Crônicas. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 7ª ed. Rio de Janeiro. Editora FEB, 1988. 181p.

(3) Humberto de Campos. Boa Nova. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Rio de Janeiro. Editora FEB, 1941. 208p.


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