Estudando sobre o Animismo - II
Dando
continuidade aos estudos sobre o animismo iniciados no artigo da semana
passada, colhemos valiosas informações sobre o assunto no livro Mecanismo da Mediunidade, no qual o
espírito André Luiz revela seu grande esforço de registrar, em nosso campo de
ação, uma rara obra que estuda em profundidade a mediunidade.
Na obra, André
Luiz define animismo como o conjunto dos fenômenos
psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em
ação. Notemos que a participação
do médium pode se dar até de forma inconsciente, como muitas vezes, ocorrem nos
fenômenos mediúnicos de natureza física em que à revelia da vontade e do
conhecimento, o médium é doador de ectoplasma necessário para o êxito do
fenômeno.
Em outras palavras, não há
mediunidade sem alma, sem animismo enfim. O médium, de uma forma ou de outra,
tem participação no fenômeno mediúnico que através dele se produz.
Concorda comigo, caro leitor
deste despretensioso artigo, que o médium deve se importar com sua capacidade
de interferir de certa forma, no fenômeno mediúnico com melhor qualidade
possível?
Qual sua opinião?
A depender da sua resposta,
ela o levará a ser mais ou menos sincero, mais ou menos comprometido com a
causa, mais ou menos transparente e mais ou menos munido de desinteresse
pessoal na tarefa que abraça.
O animismo, portanto, como
parte integrante do fenômeno mediúnico deve concorrer para induzir, cada vez
mais, o médium a se preparar, se aprimorar, se espiritualizar, para, tanto
quanto possível, contribuir de forma positiva na ocorrência.
Não devemos, pois, nos
preocupar em atacar e criticar o animismo e sim estimular o médium,
compenetrado de sua responsabilidade, a desenvolver-se cada vez mais na sua
intimidade como criatura humana.
É legítimo o raciocínio que o
animismo, no futuro, quando for estudado a fundo, será o revelador de uma força
extra-cerebral (perispírito + espírito) que pode se desdobrar para fora do
corpo físico e comandar manifestações como consciência pensante e organizadora.
E isso tanto para fenômenos de efeitos físicos (materialização) quanto para os intelectuais.
Neste último, por exemplo, especialmente quando médiuns encarnados, se
manifestam quais se personificassem outras entidades, quando, na realidade,
estão a manifestar-se a si mesmas. São, neste caso, personalidades do pretérito
do médium a emergirem da subconsciência assumindo durante o transe, postura
diferente da presente encarnação, levando o companheiro dialogador da reunião a
tratá-lo como se fosse outra entidade espiritual comunicante, quando de fato,
não é.
Sob este aspecto, encontramos
em Mecanismos da Mediunidade, no
item Obsessão e animismo, fato muito curioso esclarecido por André Luiz. Certas
inteligências desencarnadas de grande poder mental, exercem domínio sobre
mentes frágeis e sem defesa, à semelhança da ação hipnótica, detendo-as, por
tempo indeterminado, em certos tipos de recordação, como se nelas
estabelecessem o fenômeno da fixação mental mantendo-as em estados anômalos de
sentido inferior. Assim, a criatura dominada, qual nos ensinou o irmão Calderaro
na obra No Mundo Maior, fixa-se
na zona dos impulsos inferiores, em que se demorará por tempo indeterminado,
estabelecendo o processo obsessivo.
Trazendo para esta ocorrência
o aspecto do animismo aqui estudado, conclui André Luiz:
“pessoas encarnadas, nessa modalidade de
provação regeneradora, são encontráveis nas reuniões mediúnicas,
mergulhadas nos mais complexos estados emotivos, quais se personificassem
entidades outras, quando, na realidade, exprimem a si mesmas, a emergirem
da subconsciência nos trajes mentais em que se externavam noutras épocas,
sob o fascínio constante dos desencarnados que as subjugam.
Nesta ocorrência, o irmão
atingido, será categorizado pela ciência médica tradicional do mundo, que não
enxerga a questão espiritual por trás e dominante, como um “alienado mental”,
pois a personalidade que emerge da sua subconsciência é distinta e conflitante
com a sua realidade objetiva do hoje.
Creio até que estes casos sejam
de ocorrência mais comuns do que imaginamos nas reuniões mediúnicas de enfermagem
espiritual. Aliás, poucos são os coordenadores e colaboradores de reunião
mediúnica que apresentam suficiente experiência, conhecimento e sensibilidade
para discernir quando se trata de uma manifestação anímica ou mediúnica.
Importante destacar que, sendo
o espírito comunicante um irmão desencarnado ou o espírito do próprio médium como
na situação acima descrita, devem ser abordados e receber nossa colaboração
quanto quaisquer outros que se manifestem, exigindo esclarecimento e socorro.
Estagiando em faixa evolutiva
ainda muito inferior, somos todos necessitados de amparo superior sem,
entretanto, renunciarmos a ajuda dos irmãos que ombreiam conosco a jornada
terrena, não é mesmo?
Quem de nós pode atirar a
primeira pedra?
Muito bem. Avancemos com nosso
estudo e reflexão.
Não somente a alienação
mental, mas também os fenômenos da criminalidade, da violência agravada, na
maioria das vezes, expressam a queda mental do Espírito em reminiscências de
lutas pregressas. São as conhecidas “predisposições mórbidas” em que velhos
conflitos d’alma e criaturas que fizeram parte de nosso delituoso passado,
transitoriamente adormecido, ressurgem como verdadeiros reflexos condicionados
dos estudos de Pavlov, a nos requisitar nossa capacidade de superação.
Destacamos que, nestes
momentos cruciais da reencarnação em que voltamos a ser testados, caso
estivermos desguarnecidos de elementos morais superiores susceptíveis de
alterar nosso padrão mental, de forma quase inapelável, tornaremos
lamentavelmente à mesma perturbação ou violência que outrora nos fez falir a
alma.
Portanto, como se refere nosso
irmão Inácio Ferreira, aliás como médico psiquiatra em sua última encarnação na
Terra, possui todo a condição de dizer que devemos “criar créditos” pois
desconhecemos como e quando estas situações poderão voltar a nos envolver.
Concluiremos nossos estudos e
reflexões sobre o animismo no próximo artigo.
Até lá e bons estudos.
(*) Todos os grifos são
nossos
Referências
(1) Luiz, André. Mecanismos da mediunidade. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1959. 188p.
(2) Luiz, André. No mundo maior. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Brasília. Editora FEB, 1947. 253p.
Nenhum comentário:
Postar um comentário