segunda-feira, 8 de setembro de 2025

 

Estudando sobre o Animismo - II

 

 

Dando continuidade aos estudos sobre o animismo iniciados no artigo da semana passada, colhemos valiosas informações sobre o assunto no livro Mecanismo da Mediunidade, no qual o espírito André Luiz revela seu grande esforço de registrar, em nosso campo de ação, uma rara obra que estuda em profundidade a mediunidade. 

Na obra, André Luiz define animismo como o conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação. Notemos que a participação do médium pode se dar até de forma inconsciente, como muitas vezes, ocorrem nos fenômenos mediúnicos de natureza física em que à revelia da vontade e do conhecimento, o médium é doador de ectoplasma necessário para o êxito do fenômeno.

Em outras palavras, não há mediunidade sem alma, sem animismo enfim. O médium, de uma forma ou de outra, tem participação no fenômeno mediúnico que através dele se produz.

Concorda comigo, caro leitor deste despretensioso artigo, que o médium deve se importar com sua capacidade de interferir de certa forma, no fenômeno mediúnico com melhor qualidade possível?

Qual sua opinião?

A depender da sua resposta, ela o levará a ser mais ou menos sincero, mais ou menos comprometido com a causa, mais ou menos transparente e mais ou menos munido de desinteresse pessoal na tarefa que abraça. 

O animismo, portanto, como parte integrante do fenômeno mediúnico deve concorrer para induzir, cada vez mais, o médium a se preparar, se aprimorar, se espiritualizar, para, tanto quanto possível, contribuir de forma positiva na ocorrência.

Não devemos, pois, nos preocupar em atacar e criticar o animismo e sim estimular o médium, compenetrado de sua responsabilidade, a desenvolver-se cada vez mais na sua intimidade como criatura humana.

É legítimo o raciocínio que o animismo, no futuro, quando for estudado a fundo, será o revelador de uma força extra-cerebral (perispírito + espírito) que pode se desdobrar para fora do corpo físico e comandar manifestações como consciência pensante e organizadora. E isso tanto para fenômenos de efeitos físicos (materialização) quanto para os intelectuais. Neste último, por exemplo, especialmente quando médiuns encarnados, se manifestam quais se personificassem outras entidades, quando, na realidade, estão a manifestar-se a si mesmas. São, neste caso, personalidades do pretérito do médium a emergirem da subconsciência assumindo durante o transe, postura diferente da presente encarnação, levando o companheiro dialogador da reunião a tratá-lo como se fosse outra entidade espiritual comunicante, quando de fato, não é.

Sob este aspecto, encontramos em Mecanismos da Mediunidade, no item Obsessão e animismo, fato muito curioso esclarecido por André Luiz. Certas inteligências desencarnadas de grande poder mental, exercem domínio sobre mentes frágeis e sem defesa, à semelhança da ação hipnótica, detendo-as, por tempo indeterminado, em certos tipos de recordação, como se nelas estabelecessem o fenômeno da fixação mental mantendo-as em estados anômalos de sentido inferior. Assim, a criatura dominada, qual nos ensinou o irmão Calderaro na obra No Mundo Maior, fixa-se na zona dos impulsos inferiores, em que se demorará por tempo indeterminado, estabelecendo o processo obsessivo.

Trazendo para esta ocorrência o aspecto do animismo aqui estudado, conclui André Luiz:

 

“pessoas encarnadas, nessa modalidade de provação regeneradora, são encontráveis nas reuniões mediúnicas, mergulhadas nos mais complexos estados emotivos, quais se personificassem entidades outras, quando, na realidade, exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em que se externavam noutras épocas, sob o fascínio constante dos desencarnados que as subjugam.

 

Nesta ocorrência, o irmão atingido, será categorizado pela ciência médica tradicional do mundo, que não enxerga a questão espiritual por trás e dominante, como um “alienado mental”, pois a personalidade que emerge da sua subconsciência é distinta e conflitante com a sua realidade objetiva do hoje.

Creio até que estes casos sejam de ocorrência mais comuns do que imaginamos nas reuniões mediúnicas de enfermagem espiritual. Aliás, poucos são os coordenadores e colaboradores de reunião mediúnica que apresentam suficiente experiência, conhecimento e sensibilidade para discernir quando se trata de uma manifestação anímica ou mediúnica.

Importante destacar que, sendo o espírito comunicante um irmão desencarnado ou o espírito do próprio médium como na situação acima descrita, devem ser abordados e receber nossa colaboração quanto quaisquer outros que se manifestem, exigindo esclarecimento e socorro.

Estagiando em faixa evolutiva ainda muito inferior, somos todos necessitados de amparo superior sem, entretanto, renunciarmos a ajuda dos irmãos que ombreiam conosco a jornada terrena, não é mesmo?

Quem de nós pode atirar a primeira pedra?

Muito bem. Avancemos com nosso estudo e reflexão.

Não somente a alienação mental, mas também os fenômenos da criminalidade, da violência agravada, na maioria das vezes, expressam a queda mental do Espírito em reminiscências de lutas pregressas. São as conhecidas “predisposições mórbidas” em que velhos conflitos d’alma e criaturas que fizeram parte de nosso delituoso passado, transitoriamente adormecido, ressurgem como verdadeiros reflexos condicionados dos estudos de Pavlov, a nos requisitar nossa capacidade de superação.

Destacamos que, nestes momentos cruciais da reencarnação em que voltamos a ser testados, caso estivermos desguarnecidos de elementos morais superiores susceptíveis de alterar nosso padrão mental, de forma quase inapelável, tornaremos lamentavelmente à mesma perturbação ou violência que outrora nos fez falir a alma.

Portanto, como se refere nosso irmão Inácio Ferreira, aliás como médico psiquiatra em sua última encarnação na Terra, possui todo a condição de dizer que devemos “criar créditos” pois desconhecemos como e quando estas situações poderão voltar a nos envolver.

Concluiremos nossos estudos e reflexões sobre o animismo no próximo artigo.

Até lá e bons estudos.

 

(*) Todos os grifos são nossos

Referências

(1) Luiz, André. Mecanismos da mediunidade. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1959. 188p.

(2) Luiz, André. No mundo maior. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Brasília. Editora FEB, 1947. 253p.

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