Animismo em estudo - I
Em nossa
reflexão neste artigo, faremos pequenos e humildes comentários sobre o tema,
infelizmente ainda, grande desconhecido da maioria dos trabalhadores da
mediunidade e menos ainda, conhecida sua origem a as repercussões provindas da sua
ocorrência.
Antes, porém,
faço coro com o valoroso confrade desencarnado, Odilon Fernandes que no
prefácio de sua valiosa obra Mediunidade
– Transmissão e Recepção, psicografada por Carlos Baccelli, afirma:
“o animismo é a origem
e o fim de toda e qualquer faculdade de ordem mediúnica”.
Partimos da
premissa que o homem, ao desenvolver suas possibilidades psíquicas, fruto do
ser espiritual que é, deve compreender que a mesma não foi lhe dada para o
restrito uso de se comunicar com seres de outras dimensões, mas sobretudo e
fundamentalmente, para estabelecer conexão sublime com toda a criação Divina
permitindo a ele, se integrar de forma plena ao Pai amoroso que o criou. Para
mim este é o sentido maior da faculdade mediúnica, a qual todos possuímos,
indistintamente.
É natural que
no início desta grandiosa tarefa de desenvolver as capacidades psíquicas, como
tudo na vida que deseja seguir um ritmo normal, a mediunidade tem sua evolução,
a qual somente irá crescer e se aperfeiçoar com o tempo e muito esforço do
aprendiz. Por outra, o médium deve se compenetrar que necessita estudar sempre,
manter elevado padrão vibratório e habituar-se a constantemente renovar ideias
de cunho superior, com o fim de melhorar suas condições de sintonia com os
benfeitores espirituais. E, ainda, reconhecer que o fenômeno mediúnico dos
tempos atuais é e será cada vez mais, parceria entre encarnado e desencarnado e
não atributo exclusivo do espírito comunicante.
Até meados do
século dezenove, antes da publicação de O
Livro dos Médiuns, a mediunidade era muito pouco conhecida em seus
princípios e prática pela humanidade. Somente após a iniciativa do mundo
espiritual, atendendo a comando divino, as bases do fenômeno foram transmitidas
ao codificador Allan Kardec, que reunindo-as na obra acima referida, deu-nos a
conhecer a cartilha básica de todo aquele que se interesse em desenvolver
apropriadamente, esta faculdade.
Sobre o
animismo, o qual intentamos aqui desenvolver alguns aspectos, foi abordado por
Allan Kardec em O Livro dos Médiuns sob a denominação de sonambulismo e que para o leitor distraído, como eu, possa ter passado desapercebido. Vejamos o
texto:
“O sonâmbulo age sob a influência do seu
próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e
percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si
mesmo; suas ideias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus
conhecimentos mais dilatados, por que tem livre a alma. Numa palavra, ele vive
antecipada mente a vida dos Espíritos.”
Mais claro impossível, “o
que ele externa tira-o de si mesmo”; reflitam sobre o texto acima
demoradamente, caros leitores. Ainda afirma Kardec, sob orientação superior,
que o animismo (sonambulismo) pode ser considerado:
“uma
variedade da faculdade mediúnica”
E continua o codificador:
“o sonâmbulo exprime o seu próprio
pensamento (...) mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também
o pode fazer com um sonâmbulo”
Entende-se, portanto, que no sonâmbulo duas ordens de
fenômeno podem ocorrer:
- expressar seu próprio pensamento, caracterizando o
fenômeno anímico;
- através da emancipação de sua alma, facilitar a comunicação de um espírito desencarnado.
Como pode se ver, o animismo é fenômeno normal e presente
em todas as manifestações mediúnicas, principalmente nas de caráter
intelectual, em que a participação do médium normalmente é mais significante.
Presentemente, o que se
observa em torno do animismo é mais falta de conhecimento e preconceito da
parte daqueles que lidam com a mediunidade frequentemente, isto é, os espíritas
que necessitam se debruçar, de maneira mais atenta, sobre o tema para encará-lo
de forma mais natural procurando evitar os abusos.
Mas sobre isso, trataremos no
artigo na próxima semana. Até lá e bons estudos.
(*) Todos os grifos são
nossos
Referências
(1) Odilon Fernandes. Mediunidade –
Transmissão e Recepção. Psicografado por Carlos A. Baccelli. LEEPP Editora,
2021. 205p.
(2) Kardec, Allan. O Livro dos
Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 54ª ed. Brasília. Editora
FEB, 1944. 480p.
Justas ponderações.
ResponderExcluirObrigado Tony.
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