segunda-feira, 1 de setembro de 2025

 

Animismo em estudo - I

 

Em nossa reflexão neste artigo, faremos pequenos e humildes comentários sobre o tema, infelizmente ainda, grande desconhecido da maioria dos trabalhadores da mediunidade e menos ainda, conhecida sua origem a as repercussões provindas da sua ocorrência.

Antes, porém, faço coro com o valoroso confrade desencarnado, Odilon Fernandes que no prefácio de sua valiosa obra Mediunidade – Transmissão e Recepção, psicografada por Carlos Baccelli, afirma:

“o animismo é a origem e o fim de toda e qualquer faculdade de ordem mediúnica”.

         

Partimos da premissa que o homem, ao desenvolver suas possibilidades psíquicas, fruto do ser espiritual que é, deve compreender que a mesma não foi lhe dada para o restrito uso de se comunicar com seres de outras dimensões, mas sobretudo e fundamentalmente, para estabelecer conexão sublime com toda a criação Divina permitindo a ele, se integrar de forma plena ao Pai amoroso que o criou. Para mim este é o sentido maior da faculdade mediúnica, a qual todos possuímos, indistintamente.

É natural que no início desta grandiosa tarefa de desenvolver as capacidades psíquicas, como tudo na vida que deseja seguir um ritmo normal, a mediunidade tem sua evolução, a qual somente irá crescer e se aperfeiçoar com o tempo e muito esforço do aprendiz. Por outra, o médium deve se compenetrar que necessita estudar sempre, manter elevado padrão vibratório e habituar-se a constantemente renovar ideias de cunho superior, com o fim de melhorar suas condições de sintonia com os benfeitores espirituais. E, ainda, reconhecer que o fenômeno mediúnico dos tempos atuais é e será cada vez mais, parceria entre encarnado e desencarnado e não atributo exclusivo do espírito comunicante.

Até meados do século dezenove, antes da publicação de O Livro dos Médiuns, a mediunidade era muito pouco conhecida em seus princípios e prática pela humanidade. Somente após a iniciativa do mundo espiritual, atendendo a comando divino, as bases do fenômeno foram transmitidas ao codificador Allan Kardec, que reunindo-as na obra acima referida, deu-nos a conhecer a cartilha básica de todo aquele que se interesse em desenvolver apropriadamente, esta faculdade.  

Sobre o animismo, o qual intentamos aqui desenvolver alguns aspectos, foi abordado por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns sob a denominação de sonambulismo e que para o leitor distraído, como eu, possa ter passado desapercebido. Vejamos o texto:

 

“O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo; suas ideias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais dilatados, por que tem livre a alma. Numa palavra, ele vive antecipada mente a vida dos Espíritos.”

 

Mais claro impossível, “o que ele externa tira-o de si mesmo”; reflitam sobre o texto acima demoradamente, caros leitores. Ainda afirma Kardec, sob orientação superior, que o animismo (sonambulismo) pode ser considerado:

 

“uma variedade da faculdade mediúnica”

 

E continua o codificador:

 

o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento (...) mas, o Espírito que se comunica com um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo”

 

Entende-se, portanto, que no sonâmbulo duas ordens de fenômeno podem ocorrer:

- expressar seu próprio pensamento, caracterizando o fenômeno anímico;

- através da emancipação de sua alma, facilitar a  comunicação de um espírito desencarnado.

 

Como pode se ver, o animismo é fenômeno normal e presente em todas as manifestações mediúnicas, principalmente nas de caráter intelectual, em que a participação do médium normalmente é mais significante.

Presentemente, o que se observa em torno do animismo é mais falta de conhecimento e preconceito da parte daqueles que lidam com a mediunidade frequentemente, isto é, os espíritas que necessitam se debruçar, de maneira mais atenta, sobre o tema para encará-lo de forma mais natural procurando evitar os abusos.

Mas sobre isso, trataremos no artigo na próxima semana. Até lá e bons estudos.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Odilon Fernandes.  Mediunidade – Transmissão e Recepção. Psicografado por Carlos A. Baccelli. LEEPP Editora, 2021. 205p.

(2) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 54ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 480p.

2 comentários:

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