segunda-feira, 7 de julho de 2025

                              Você leu? Você conhece? - II

 

Prosseguindo com as reflexões sobre alguns trechos da valiosa e rica obra de André Luiz, conhecida como “A vida no mundo espiritual”, desejamos destacar de início a obra Obreiros da Vida Eterna, publicado em sua primeira edição no ano de 1946 que retrata, dentre muitos aprendizados, a “Casa Transitória de Fabiano”.

Trata-se de grande instituição piedosa, em que se reúnem almas recém-desencarnadas portadoras de muitos sofrimentos, nas cercanias da Crosta Terrestre. Fundada e organizada por Fabiano de Cristo, era confiada, periodicamente, a benfeitores de elevada condição, em tarefa de assistência evangélica, junto aos Espíritos recém-desligados do plano carnal.  É uma casa de transição, asilo móvel, que atende segundo as circunstâncias do ambiente, além de ser precioso ponto de ligação com as cidades espirituais em zonas superiores.

Exatamente o que você pensou caro leitor e como eu, deve  também ter se surpreendido. É um tipo de construção para movimento aéreo, mudando-se, sem maiores dificuldades, de uma região para outra, atendendo às circunstâncias. Daí o nome Casa Transitória.

Ainda nesta obra, psicografado pelo apóstolo do Cristo, Chico Xavier, vale muito a pena ler no capítulo cinco, o depoimento de Gotuzo que na Terra fora médico e católico. Em fala amargurada, considera:


Entretanto, é lamentável reconhecê-lo, nem a Ciência, nem a Religião nos prepararam, convenientemente, para enfrentar os problemas do homem desencarnado.

 

Católico fervoroso, Gotuzo afirmou a André que sempre aguardava o sossego bendito do céu ao morrer, quando de fato, desesperado, viu-se mergulhado em dolorosa cegueira espiritual e que precisou de muitos anos, no mundo espiritual, para retomar o equilíbrio. Em relato emocionante e esclarecedor, conclui:

 

“A maior surpresa para mim, presentemente, é a paisagem de serviço que a vida espiritual nos descortina”.

 

Se no livro Libertação, André Luiz retrata a dimensão das Trevas, em Obreiros da Vida Eterna, descreve a dimensão ainda mais abaixo, denominada Abismo, para onde uma equipe de espíritos socorristas se dirigem a fim de amparar almas em profundo sofrimento. Inclusive manifesta-se, entre os irmãos em penúria moral, uma senhora que, quando encarnada, havia sido espírita e conheceu Bezerra de Menezes. Assim, essa confreira se manifesta:

 

– Espíritos do Bem, auxiliai-me! Eu conheci Bezerra de Menezes na Terra, aceitei o Espiritismo. No entanto, ai de mim! Minha crença não chegou a ser fé renovadora. Dedicava-me à consolação, mas fugia à responsabilidade! A morte atirou-me aqui, onde tenho sofrido bastante as consequências do meu relaxamento espiritual! Socorrei-me, por Jesus!

 

Reiteramos a frase que é lição viva para nós: " minha crença não chegou a ser fé renovadora". Vai vendo...uma espírita desencarnada em deploráveis condições, implorando pelo socorro divino. Chico Xavier, sábio e santo seguidor do Cristo, dizia que os espíritas estavam desencarnando muito mal, principalmente, por não vivenciarem o que conheciam. Rótulo religioso não confere privilégio a espírito algum. O Espiritismo é a doutrina que, acima de tudo, deve conduzir o ser ao entendimento de que, sem a reforma íntima, a renovação não ocorrerá. 


Ainda nesta obra, a partir do capítulo onze até o vigésimo, na segunda parte do livro, o autor espiritual em verdadeira missão auxiliadora, acompanha o desenlace de cinco irmãos em diferentes condições espirituais, propiciando aos leitores, imensos conhecimentos a respeito do fenômeno da desencarnação. 

No ano seguinte, 1947, foi publicado o livro No Mundo Maior também psicografado por Chico Xavier em que André Luiz traz revelações de profundidade sobre a casa mental e o cérebro, considerado, no espírito encarnado, como órgão de manifestação da atividade espiritual.

O instrutor Calderaro, conduz André Luiz até um hospital na Terra, onde analisam, comparativamente, o cérebro físico de um enfermo encarnado com o cérebro perispiritual de um desencarnado em situação deplorável, que se liga, obsidiando o encarnado. Calderaro apresenta-nos então, ao conceito dos três andares do cérebro (físico e perispiritual) assim divididos: o primeiro, no sistema nervoso, é a residência de nossos impulsos automáticos (região do hábito e automatismo); no segundo, córtex motor, encontramos a região das conquistas atuais (esforço e a vontade) e no terceiro, nos lobos frontais temos a casa das noções superiores (ideal e a meta superior). Elucida o instrutor que trazemos em nós mesmos o passado, o presente e o futuro. Enfim, vale muito o estudo deste capítulo complementado com o seguinte, onde Calderaro aborda sobre o perispírito, como importante conquista evolutiva do espírito imortal, elucidando a respeito da química espiritual e afirmando sobre os limites do físico e do espiritual:

 

“Quase impossível é determinar-lhes a fronteira divisória, porquanto o espírito mais sábio não se animaria a localizar, com afirmações dogmáticas, o ponto onde termina a matéria e começa o espírito.”

 

É certo que muitos companheiros poderão somar outras tantas a estas sugestões, para oportuna e enriquecedora leitura, às quais possam estimular a aguçar o interesse dos espíritas e não espíritas, ao contato mais próximo e frequente das obras que se propõem a instruir, libertar e levar a criatura humana a desenvolver o amor incondicional ensinado pelo Mestre Jesus.  

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Luiz, André. Obreiros da vida eterna. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília. Editora FEB, 1946. 304p.

(2) Luiz, André. No mundo maior. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Brasília. Editora FEB, 1947. 253p.

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