Você leu? Você conhece? - II
Prosseguindo com as reflexões sobre alguns
trechos da valiosa e rica obra de André Luiz, conhecida como “A vida no mundo espiritual”, desejamos
destacar de início a obra Obreiros da
Vida Eterna, publicado em sua primeira edição no ano de 1946 que retrata,
dentre muitos aprendizados, a “Casa Transitória de Fabiano”.
Trata-se de grande instituição
piedosa, em que se reúnem almas recém-desencarnadas portadoras de muitos
sofrimentos, nas cercanias da Crosta Terrestre. Fundada e organizada por
Fabiano de Cristo, era confiada, periodicamente, a benfeitores de elevada
condição, em tarefa de assistência evangélica, junto aos Espíritos recém-desligados
do plano carnal. É uma casa de transição, asilo móvel,
que atende segundo as circunstâncias do ambiente, além de ser precioso ponto de
ligação com as cidades espirituais em zonas superiores.
Exatamente o que você pensou caro leitor e como eu, deve também ter se surpreendido. É um tipo de construção para movimento aéreo,
mudando-se, sem maiores dificuldades, de uma região para outra, atendendo às
circunstâncias. Daí o nome Casa Transitória.
Ainda nesta obra, psicografado
pelo apóstolo do Cristo, Chico Xavier, vale muito a pena ler no capítulo cinco,
o depoimento de Gotuzo que na Terra fora médico e católico. Em fala amargurada,
considera:
Entretanto, é lamentável reconhecê-lo, nem
a Ciência, nem a Religião nos prepararam, convenientemente, para enfrentar
os problemas do homem desencarnado.
Católico fervoroso, Gotuzo
afirmou a André que sempre aguardava o sossego bendito do céu ao morrer, quando
de fato, desesperado, viu-se mergulhado em dolorosa cegueira espiritual e que
precisou de muitos anos, no mundo espiritual, para retomar o equilíbrio. Em
relato emocionante e esclarecedor, conclui:
“A maior surpresa para mim, presentemente,
é a paisagem de serviço que a vida espiritual nos descortina”.
Se no livro Libertação, André
Luiz retrata a dimensão das Trevas, em Obreiros da Vida Eterna, descreve a
dimensão ainda mais abaixo, denominada Abismo, para onde uma equipe de
espíritos socorristas se dirigem a fim de amparar almas em profundo sofrimento.
Inclusive manifesta-se, entre os irmãos em penúria moral, uma senhora que,
quando encarnada, havia sido espírita e conheceu Bezerra de Menezes. Assim, essa
confreira se manifesta:
– Espíritos do Bem, auxiliai-me! Eu
conheci Bezerra de Menezes na Terra, aceitei o Espiritismo. No entanto, ai de
mim! Minha crença não chegou a ser fé renovadora. Dedicava-me à consolação, mas
fugia à responsabilidade! A morte atirou-me aqui, onde tenho sofrido bastante
as consequências do meu relaxamento espiritual! Socorrei-me, por Jesus!
Reiteramos a frase que é lição viva para nós: " minha crença não chegou a ser fé renovadora". Vai vendo...uma espírita desencarnada em deploráveis condições, implorando pelo socorro divino. Chico Xavier, sábio e santo seguidor do Cristo, dizia que os espíritas estavam desencarnando muito mal, principalmente, por não vivenciarem o que conheciam. Rótulo religioso não confere privilégio a espírito algum. O Espiritismo é a doutrina que, acima de tudo, deve conduzir o ser ao entendimento de que, sem a reforma íntima, a renovação não ocorrerá.
Ainda nesta obra, a partir do
capítulo onze até o vigésimo, na segunda parte do livro, o autor espiritual em
verdadeira missão auxiliadora, acompanha o desenlace de cinco irmãos em
diferentes condições espirituais, propiciando aos leitores, imensos conhecimentos
a respeito do fenômeno da desencarnação.
No ano seguinte, 1947, foi
publicado o livro No Mundo Maior
também psicografado por Chico Xavier em que André Luiz traz revelações de
profundidade sobre a casa mental e o cérebro, considerado, no espírito
encarnado, como órgão de manifestação da atividade espiritual.
O instrutor Calderaro, conduz
André Luiz até um hospital na Terra, onde analisam, comparativamente, o cérebro
físico de um enfermo encarnado com o cérebro perispiritual de um desencarnado
em situação deplorável, que se liga, obsidiando o encarnado. Calderaro
apresenta-nos então, ao conceito dos três andares do cérebro (físico e
perispiritual) assim divididos: o primeiro, no sistema nervoso, é a
residência de nossos impulsos automáticos (região do hábito e automatismo); no
segundo, córtex motor, encontramos a região das conquistas atuais (esforço
e a vontade) e no terceiro, nos lobos frontais temos a casa das noções
superiores (ideal e a meta superior). Elucida o instrutor que trazemos em nós
mesmos o passado, o presente e o futuro. Enfim, vale muito o estudo deste
capítulo complementado com o seguinte, onde Calderaro aborda sobre o
perispírito, como importante conquista evolutiva do espírito imortal,
elucidando a respeito da química espiritual e afirmando sobre os limites do
físico e do espiritual:
“Quase impossível é determinar-lhes a
fronteira divisória, porquanto o espírito mais sábio não se animaria a localizar,
com afirmações dogmáticas, o ponto onde termina a matéria e começa o espírito.”
É certo que muitos
companheiros poderão somar outras tantas a estas sugestões, para oportuna e
enriquecedora leitura, às quais possam estimular a aguçar o interesse dos
espíritas e não espíritas, ao contato mais próximo e frequente das obras que se
propõem a instruir, libertar e levar a criatura humana a desenvolver o amor
incondicional ensinado pelo Mestre Jesus.
(*) Todos os
grifos são nossos
Referências
(1) Luiz, André. Obreiros da vida
eterna. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília. Editora
FEB, 1946. 304p.
(2) Luiz, André. No mundo maior. Psicografado por
Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Brasília. Editora FEB, 1947. 253p.
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