segunda-feira, 14 de julho de 2025

 

O 5º livro do Pentateuco

 

O propósito deste artigo é apresentar um breve apanhado para nossas reflexões, sobre “A Gênese”, o quinto livro do Pentanteuco codificado por Allan Kardec, que muitos espíritas ainda não conhecem e os que já se arriscaram a lê-lo, alegam não entender muito bem.

Ao contrário do que muitos afirmam, não é uma obra de difícil leitura, embora reconheço que há nela, certas abordagens mais complexas que carecem de um estudo em grupo contando com pessoas que conheçam um mínimo sobre Biologia, Química e Física.

Vale ressaltar que, lançada no dia 1º de janeiro de 1868, somente dois meses após, em final de fevereiro, três edições já haviam se esgotado e Kardec se preparava para lançar a quarta edição. Sendo o último livro das cinco obras básicas, A Gênese reforça a natureza científica da Doutrina reafirmando seu tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião.

Sugiro aos que se voluntariarem ao estudo deste livro que leiam, releiam e estudem sem pressa a introdução e o primeiro capítulo sobre o Caráter da revelação espírita. Valem a obra. Há muita consistência em ambos e seus ensinos são embasadores não somente para o entendimento do livro em si, como para toda a Doutrina Espírita.

Kardec considera a existência de duas forças atuantes no Universo: o elemento espiritual e o elemento material. Na demonstração da existência do mundo espiritual e suas leis, bem como suas relações com o mundo material é que a Doutrina Espírita, como uma verdadeira revelação científica na acepção da palavra, fornece a chave para a explicação de um sem fim de fenômenos que desde os tempos idos são tidos como milagres e sobrenaturais.

Em importante afirmativa, destaca Kardec a respeito do caráter da revelação espírita:

 

“o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.”

 

Observe a necessidade, para sua complementação, da participação da tríade DEUS-ESPÍRITO-HOMEM. A iniciativa pertence aos espíritos, como resultado de um ensino coletivo e não individual, daí poder ser considerada Doutrina dos Espíritos. Vejamos, O Livro dos Espíritos é a expressão do pensamento coletivo de espíritos de alta categoria evolutiva para os padrões do planeta Terra, como se verifica nos Prolegômenos da obra, personalidades de importância na Humanidade: São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, dentre outros, tutelados por Jesus Cristo, governador espiritual do planeta Terra.

E do aspecto eminentemente progressivo da Doutrina e da salutar relação com a Ciência, Kardec acrescenta:

 

“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”   

  

Porém, até hoje, todos os pontos e conceitos apresentados pelo Espiritismo permanecem em pé, enquanto as contestações para opor-lhe, caíram todas por terra por carecerem de base sólida.

Para elaborar a Doutrina, esclarece Kardec, a utilização do método experimental, onde fatos novos se apresentam que não podiam ser explicados pelas leis conhecidas. O exemplo que Kardec apresenta para nos esclarecer de como procedeu, com auxílio da espiritualidade, para chegar a compor o corpo da Doutrina, através do método experimental é de clareza meridiana. Vou reproduzir o texto, para melhor entendimento. Vejamos:

 

Passa-se no mundo dos Espíritos um fato muito singular, de que seguramente ninguém houvera suspeitado: o de haver Espíritos que não se consideram mortos. Pois bem, os Espíritos superiores, que conhecem perfeitamente esse fato, não vieram dizer antecipadamente: “Há Espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos.” Provocaram a manifestação de Espíritos desta categoria para que os observássemos. Tendo-se visto Espíritos incertos quanto ao seu estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados às suas ocupações ordinárias, deduziu-se a regra. A multiplicidade de fatos análogos demonstrou que o caso não era excepcional, que constituía uma das fases da vida espírita; pode-se então estudar todas as variedades e as causas de tão singular ilusão, reconhecer que tal situação é sobretudo própria de Espíritos pouco adiantados moralmente e peculiar a certos gêneros de morte; que é temporária, podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da observação. O mesmo se deu com relação a todos os outros princípios da doutrina.

 

Sobre isso, ressaltamos a importância de Kardec ao se debruçar sobre o fenômeno das mesas girantes para extrair dele toda a concepção da revelação de um mundo habitados pela alma dos homens que, sob a permissão divina, vinham despertar o homem para suas responsabilidades. Creio que se não fosse por Kardec, ainda hoje estaríamos nos divertindo, perturbadoramente, com as mesas girantes. Se bem que atualmente, ignorando as luzes do conhecimento espírita que se derramaram sobre a Humanidade desde meados do século dezenove, muitos irmãos andam de brincadeira com coisa muito séria no Espiritismo e tal qual crianças que mexem com fogo, acabarão se queimando.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Kardec, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 25ª ed.  Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944. 424p.

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