O 5º livro do Pentateuco
O propósito deste artigo é apresentar um breve apanhado
para nossas reflexões, sobre “A Gênese”,
o quinto livro do Pentanteuco codificado por Allan Kardec, que muitos espíritas
ainda não conhecem e os que já se arriscaram a lê-lo, alegam não entender muito
bem.
Ao contrário do que muitos afirmam, não é uma
obra de difícil leitura, embora reconheço que há nela, certas abordagens mais
complexas que carecem de um estudo em grupo contando com pessoas que conheçam
um mínimo sobre Biologia, Química e Física.
Vale ressaltar que, lançada no dia 1º de
janeiro de 1868, somente dois meses após, em final de fevereiro, três edições
já haviam se esgotado e Kardec se preparava para lançar a quarta edição. Sendo
o último livro das cinco obras básicas, A Gênese reforça a natureza científica
da Doutrina reafirmando seu tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião.
Sugiro aos que se voluntariarem ao estudo deste
livro que leiam, releiam e estudem sem pressa a introdução e o primeiro
capítulo sobre o Caráter da revelação espírita. Valem a obra. Há muita
consistência em ambos e seus ensinos são embasadores não somente para o
entendimento do livro em si, como para toda a Doutrina Espírita.
Kardec considera a existência de duas forças
atuantes no Universo: o elemento espiritual e o elemento material. Na
demonstração da existência do mundo espiritual e suas leis, bem como suas
relações com o mundo material é que a Doutrina Espírita, como uma verdadeira
revelação científica na acepção da palavra, fornece a chave para a explicação
de um sem fim de fenômenos que desde os tempos idos são tidos como milagres e
sobrenaturais.
Em importante afirmativa, destaca Kardec a
respeito do caráter da revelação espírita:
“o que caracteriza a revelação espírita é
o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a
sua elaboração fruto do trabalho do homem.”
Observe a necessidade, para sua complementação,
da participação da tríade DEUS-ESPÍRITO-HOMEM. A iniciativa pertence aos
espíritos, como resultado de um ensino coletivo e não individual, daí poder ser
considerada Doutrina dos Espíritos. Vejamos, O Livro dos Espíritos é a
expressão do pensamento coletivo de espíritos de alta categoria evolutiva para
os padrões do planeta Terra, como se verifica nos Prolegômenos da obra,
personalidades de importância na Humanidade: São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de
Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin,
Swedenborg, dentre outros, tutelados por Jesus Cristo,
governador espiritual do planeta Terra.
E do aspecto eminentemente progressivo da
Doutrina e da salutar relação com a Ciência, Kardec acrescenta:
“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”
Porém, até hoje, todos os pontos e conceitos apresentados
pelo Espiritismo permanecem em pé, enquanto as contestações para opor-lhe,
caíram todas por terra por carecerem de base sólida.
Para elaborar a Doutrina, esclarece Kardec, a
utilização do método experimental, onde fatos novos se apresentam que não podiam
ser explicados pelas leis conhecidas. O exemplo que Kardec apresenta para nos
esclarecer de como procedeu, com auxílio da espiritualidade, para chegar a
compor o corpo da Doutrina, através do método experimental é de clareza
meridiana. Vou reproduzir o texto, para melhor entendimento. Vejamos:
Passa-se no mundo dos Espíritos um fato
muito singular, de que seguramente ninguém houvera suspeitado: o de haver
Espíritos que não se consideram mortos. Pois bem, os Espíritos superiores, que
conhecem perfeitamente esse fato, não vieram dizer antecipadamente: “Há
Espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos,
costumes e instintos.” Provocaram a manifestação de Espíritos desta categoria
para que os observássemos. Tendo-se visto Espíritos incertos quanto ao seu
estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados às suas
ocupações ordinárias, deduziu-se a regra. A multiplicidade de fatos análogos
demonstrou que o caso não era excepcional, que constituía uma das fases da vida
espírita; pode-se então estudar todas as variedades e as causas de tão singular
ilusão, reconhecer que tal situação é sobretudo própria de Espíritos pouco
adiantados moralmente e peculiar a certos gêneros de morte; que é temporária,
podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da
observação. O mesmo se deu com relação a todos os outros princípios da
doutrina.
Sobre isso, ressaltamos a importância de Kardec
ao se debruçar sobre o fenômeno das mesas girantes para extrair dele toda a
concepção da revelação de um mundo habitados pela alma dos homens que, sob a
permissão divina, vinham despertar o homem para suas responsabilidades. Creio
que se não fosse por Kardec, ainda hoje estaríamos nos divertindo,
perturbadoramente, com as mesas girantes. Se bem que atualmente, ignorando as
luzes do conhecimento espírita que se derramaram sobre a Humanidade desde
meados do século dezenove, muitos irmãos andam de brincadeira com coisa muito
séria no Espiritismo e tal qual crianças que mexem com fogo, acabarão se
queimando.
(*) Todos os
grifos são nossos
Referências
(1) Kardec, Allan. A Gênese.
Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro
da 5ª edição francesa. 25ª ed. Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944.
424p.
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