segunda-feira, 28 de julho de 2025

                 Revoluções periódicas – A Gênese

Certamente nosso assíduo leitor já ouviu falar ou conhece que a Terra realiza dois movimentos importantes de translação e de rotação, sendo o primeiro realizado ao redor do Sol em uma órbita elíptica pela Terra, que leva, aproximadamente, 365 dias para ser executado e significa um ano em nosso calendário oficial. O segundo, de rotação, quando a terra gira em torno do seu próprio eixo, aproximadamente 24 horas, caracterizando um dia na Terra. 

Além destes dois movimentos que a Terra realiza, há um terceiro denominado precessão dos equinócios e que poucos conhecem. Trata-se do movimento da Terra em torno do eixo de sua órbita devido a inclinação do seu eixo, especificamente é o movimento que o Polo Norte terrestre faz em relação ao ponto central da elipse da Terra no movimento de translação semelhante ao giro de um peão desequilibrado. Esta oscilação foi descrita pela primeira vez pelo astrônomo, matemático e geógrafo grego Hiparco de Nicéia (século II a.C.) e na atualidade o referido movimento é denominado Precessão geral.

Na obra básica A Gênese, Allan Kardec, no capítulo IX sobre as Revoluções Periódicas, faz importante abordagem sobre esse tema dizendo:


“Tem a Terra um terceiro movimento que se completa em cerca de 25.000 anos, ou, mais exatamente, em 25.868 anos, e que produz o fenômeno denominado, em astronomia, precessão dos equinócios. Este movimento, que não se pode explicar em poucas palavras, sem o auxílio de figuras e sem uma demonstração geométrica, consiste numa espécie de oscilação circular, que se há comparado à de um pião a morrer, e por virtude da qual o eixo da Terra, mudando de inclinação, descreve um duplo cone cujo vértice está no centro do planeta, abrangendo as bases desses cones a superfície circunscrita pelos círculos polares, isto é, uma amplitude de 23 e 1/2 graus de raio.

 

Kardec elucida que em consequência da gradual mudança na obliquidade do eixo, o momento do equinócio avança cada ano de alguns minutos. A esse avanço é que se deu o nome de precessão dos equinócios e que ao longo de um certo período de tempo acarreta profundas mudanças que passam imperceptíveis para o homem, se avaliados e considerados durante uma só existência física. Assim continua o apóstolo do Cristo na obra básica:

 

Com o tempo, esses poucos minutos fazem horas, dias, meses e anos, resultando daí que o equinócio da primavera, que agora se verifica no mês de março, em dado tempo se verificará em fevereiro, depois em janeiro, depois em dezembro. Então o mês de dezembro terá a temperatura de março e março a de junho e assim por diante, até que, voltando ao mês de março, as coisas se encontrarão de novo no estado atual, o que se dará ao cabo de 25.868 anos, para recomeçar indefinidamente a mesma revolução.

 

As consequências desta alteração, foram assinaladas por Kardec e fundamenta as alterações que verificamos nestes tempos com o planeta Terra, quando nos aproximamos do período de transformação do Orbe. Cita duas, na obra A Gênese:

 

- 1ª O aquecimento e o resfriamento alternativos dos pólos e, por conseguinte, a fusão dos gelos polares durante a metade do período de 25.000 anos e a nova formação deles durante a outra metade desse período. Resultaria daí não estarem os pólos condenados a uma perpétua esterilidade, cabendo-lhes gozar a seu turno dos benefícios da fertilidade.

 

- 2ª O deslocamento gradativo do mar, fazendo-o invadir pouco a pouco umas terras e pôr a descoberto outras, para de novo as abandonar, voltando ao seu leito anterior.

 

Profunda sabedoria das Leis de Deus, como que de tempos em tempos, tornando os diferentes solos do planeta fértil, embora em nossa acanhada análise isso pareça prenúncio de grande catástrofe. Veja a seguir como Kardec nos explica está ocorrência:

 

“Tem por efeito o entretenimento das forças produtivas da Terra. A longa imersão é para os terrenos um tempo de repouso, durante o qual eles recuperam os princípios vitais esgotados por uma não menos longa produção. Os imensos depósitos de matérias orgânicas, formados pela permanência das águas durante séculos e séculos, são adubações naturais, periodicamente renovadas, e as gerações se sucedem sem se aperceberem de tais mudanças.”

 

Ou seja, as terras produtivas de hoje e que estão se esgotando em sua fertilidade, serão, em breve tempo, substituídas por aquelas que haverão de emergir das profundezas dos oceanos. Por outro lado, as que estão se tornando exauridas em sua fertilidade serão submersas para um longo período de refazimento.

Na Revista Espírita do mês de outubro de 1868, o espírito F. Arago, vem confirmar estas explicações acrescentando:

 

O homem não abarca senão as fases de uma duração relativamente curta, e da qual pode constatar a periodicidade; mas há as que compreendem longas gerações de seres, e mesmo de sucessão de raças, cujos efeitos, por conseguinte, têm para ele as aparências da novidade e da espontaneidade, ao passo que, se seu olhar pudesse se levar a alguns de séculos atrás, ele veria, entre esses mesmos efeitos e suas causas, uma correlação que ele não supõe mesmo.

 

Ainda no mesmo artigo da Revista Espírita, com clareza cristalina, afirma sobre a influência que todos os seres, planetas e até galáxias exercem um sobre o outro:

 

“Num mesmo sistema planetário, todos os corpos que dele dependem reagem uns sobre os outros; todas as influências físicas aí são solidárias, e não há um único dos efeitos que designais sob o nome de grandes perturbações, que não seja a consequência do componente das influências de todo esse sistema.

Vou mais longe: digo que os sistemas reagem uns sobre os outros, em razão da aproximação ou do afastamento que resulta de seu movimento de translação através das miríades de sistemas que compõem a nossa nebulosa. Vou mais longe ainda: digo que a nossa nebulosa, que é como um arquipélago na imensidade, tendo também o seu movimento de translação através das miríades de nebulosas, sofre a influência daquelas das quais se aproxima. Assim, as nebulosas reagem sobre as nebulosas, os sistemas reagem sobre os sistemas, como os planetas reagem sobre os planetas, como os elementos de cada planeta reagem uns sobre os outros, e, assim, cada vez mais até o átomo; daí, em cada mundo, as revoluções locais ou gerais, que não parecem perturbações senão porque a brevidade da vida não permite ver os seus efeitos parciais”

 

          Portanto, muitos fatores estão agindo, inclusive o aquecimento global e os desmatamentos espalhados por todo o planeta e que são cansativamente explorados nos meios de informação, mas não somente eles. Muito importante considerar, sobretudo, que a Humanidade se aproxima de um período de transformação, e que a Terra deve se elevar na hierarquia dos mundos, e nestas palavras não há nada de místico, mas, ao contrário, o cumprimento de uma das grandes leis fatais no Universo contra as quais toda má vontade humana se quebra.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Kardec, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 25ª ed.  Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944. 424p.

(1) Kardec, Allan. Revista Espírita. Influência dos planetas sobre as perturbações do globo terrestre. Outubro de 1868. 4ª ed.  Brasília. Editora FEB, 2004. 536p.


segunda-feira, 21 de julho de 2025

Antes que...

 

Antes que você decida desistir da caminhada evolutiva que cabe a todos nós, pensa e reflete um minuto, quantos irmãos, em situações muito mais difíceis e complicadas, gostariam de estar ocupando o seu lugar.

Antes que esmoreça nos ideais que resolveu abraçar com muita dificuldade, depois de viver por longos séculos na ilusão, crendo que bastaria o reconhecimento do seu erro e o arrependimento para que Deus fizesse por você o que lhe cabe realizar. Buscando um sentido para sua existência, não se esqueça que uma vez estacionando na luta, a sua retomada se dará no exato local onde estacionou em circunstâncias desconhecidas.

Antes que você apele para recursos menos respeitáveis os quais julga poderem lhe oferecer o prazer nas efêmeras vitórias ou o esquecimento dos fracassos vividos, recorde-se que o espírito é divina criatura de caráter imortal e portador de inúmeras potencialidades latentes a serem desenvolvidas. Que as diversas existências são lições para nosso aprendizado, cabendo a nós, respeitá-las em sua integralidade, apossando-nos, pouco a pouco, da responsabilidade de viver.

Antes que você acredite que aquele familiar mais próximo, menos feliz nas atitudes, não tenha mais solução, reflita que você mesmo ainda não alcançou firmeza suficiente para que um dia também não possa cair. Cultivemos paciência, ainda que em doses homeopáticas, pois se Deus desistisse de nós, humanos, o mundo estaria perdido.

Antes que se convença que o Pai lhe abandonou na caminhada transformando seu destino em solitário caminho e que seu destino seja sorver a taça da amargura que lhe fere o coração, faceando rudes provas, não olvide os companheiros espirituais que lhe aguardam, carinhosamente, além do túmulo e que Deus a ninguém desampara.

Antes que você imagine que o trabalho na oficina do bem está reservado somente aos irmãos de avançada evolução e o desânimo constantemente, por esta razão, insiste em bater na sua porta, cabe ressaltar que o Mestre se valeu de homens de vida singela para lançar no solo dos corações humanos as sementes que transformarão o mundo.

Antes que acredite que o sombrio panorama da Terra, repleto de perturbações e obstáculos, que na verdade, caracterizam um planeta que clama por renovação e reajuste, conscientiza-te de que, ligados que estamos ao processo evolutivo do orbe que nos serve de casa, é natural sermos chamados a servir ao bem dentro dela, confiando que nada acontece à revelia da Providência Divina.  

 

          Espírita irmão, reflita nestas singelas frases e se elas lhe derem novo ânimo, auxiliando e esclarecendo-te acerca de nossas próprias responsabilidades e deveres frente a Vida que o Pai Amado nos concedeu, eleve suas mãos ao alto e agradeça.    

segunda-feira, 14 de julho de 2025

 

O 5º livro do Pentateuco

 

O propósito deste artigo é apresentar um breve apanhado para nossas reflexões, sobre “A Gênese”, o quinto livro do Pentanteuco codificado por Allan Kardec, que muitos espíritas ainda não conhecem e os que já se arriscaram a lê-lo, alegam não entender muito bem.

Ao contrário do que muitos afirmam, não é uma obra de difícil leitura, embora reconheço que há nela, certas abordagens mais complexas que carecem de um estudo em grupo contando com pessoas que conheçam um mínimo sobre Biologia, Química e Física.

Vale ressaltar que, lançada no dia 1º de janeiro de 1868, somente dois meses após, em final de fevereiro, três edições já haviam se esgotado e Kardec se preparava para lançar a quarta edição. Sendo o último livro das cinco obras básicas, A Gênese reforça a natureza científica da Doutrina reafirmando seu tríplice aspecto: Ciência, Filosofia e Religião.

Sugiro aos que se voluntariarem ao estudo deste livro que leiam, releiam e estudem sem pressa a introdução e o primeiro capítulo sobre o Caráter da revelação espírita. Valem a obra. Há muita consistência em ambos e seus ensinos são embasadores não somente para o entendimento do livro em si, como para toda a Doutrina Espírita.

Kardec considera a existência de duas forças atuantes no Universo: o elemento espiritual e o elemento material. Na demonstração da existência do mundo espiritual e suas leis, bem como suas relações com o mundo material é que a Doutrina Espírita, como uma verdadeira revelação científica na acepção da palavra, fornece a chave para a explicação de um sem fim de fenômenos que desde os tempos idos são tidos como milagres e sobrenaturais.

Em importante afirmativa, destaca Kardec a respeito do caráter da revelação espírita:

 

“o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.”

 

Observe a necessidade, para sua complementação, da participação da tríade DEUS-ESPÍRITO-HOMEM. A iniciativa pertence aos espíritos, como resultado de um ensino coletivo e não individual, daí poder ser considerada Doutrina dos Espíritos. Vejamos, O Livro dos Espíritos é a expressão do pensamento coletivo de espíritos de alta categoria evolutiva para os padrões do planeta Terra, como se verifica nos Prolegômenos da obra, personalidades de importância na Humanidade: São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito de Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, dentre outros, tutelados por Jesus Cristo, governador espiritual do planeta Terra.

E do aspecto eminentemente progressivo da Doutrina e da salutar relação com a Ciência, Kardec acrescenta:

 

“Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.”   

  

Porém, até hoje, todos os pontos e conceitos apresentados pelo Espiritismo permanecem em pé, enquanto as contestações para opor-lhe, caíram todas por terra por carecerem de base sólida.

Para elaborar a Doutrina, esclarece Kardec, a utilização do método experimental, onde fatos novos se apresentam que não podiam ser explicados pelas leis conhecidas. O exemplo que Kardec apresenta para nos esclarecer de como procedeu, com auxílio da espiritualidade, para chegar a compor o corpo da Doutrina, através do método experimental é de clareza meridiana. Vou reproduzir o texto, para melhor entendimento. Vejamos:

 

Passa-se no mundo dos Espíritos um fato muito singular, de que seguramente ninguém houvera suspeitado: o de haver Espíritos que não se consideram mortos. Pois bem, os Espíritos superiores, que conhecem perfeitamente esse fato, não vieram dizer antecipadamente: “Há Espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos.” Provocaram a manifestação de Espíritos desta categoria para que os observássemos. Tendo-se visto Espíritos incertos quanto ao seu estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados às suas ocupações ordinárias, deduziu-se a regra. A multiplicidade de fatos análogos demonstrou que o caso não era excepcional, que constituía uma das fases da vida espírita; pode-se então estudar todas as variedades e as causas de tão singular ilusão, reconhecer que tal situação é sobretudo própria de Espíritos pouco adiantados moralmente e peculiar a certos gêneros de morte; que é temporária, podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da observação. O mesmo se deu com relação a todos os outros princípios da doutrina.

 

Sobre isso, ressaltamos a importância de Kardec ao se debruçar sobre o fenômeno das mesas girantes para extrair dele toda a concepção da revelação de um mundo habitados pela alma dos homens que, sob a permissão divina, vinham despertar o homem para suas responsabilidades. Creio que se não fosse por Kardec, ainda hoje estaríamos nos divertindo, perturbadoramente, com as mesas girantes. Se bem que atualmente, ignorando as luzes do conhecimento espírita que se derramaram sobre a Humanidade desde meados do século dezenove, muitos irmãos andam de brincadeira com coisa muito séria no Espiritismo e tal qual crianças que mexem com fogo, acabarão se queimando.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Kardec, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 25ª ed.  Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944. 424p.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

                              Você leu? Você conhece? - II

 

Prosseguindo com as reflexões sobre alguns trechos da valiosa e rica obra de André Luiz, conhecida como “A vida no mundo espiritual”, desejamos destacar de início a obra Obreiros da Vida Eterna, publicado em sua primeira edição no ano de 1946 que retrata, dentre muitos aprendizados, a “Casa Transitória de Fabiano”.

Trata-se de grande instituição piedosa, em que se reúnem almas recém-desencarnadas portadoras de muitos sofrimentos, nas cercanias da Crosta Terrestre. Fundada e organizada por Fabiano de Cristo, era confiada, periodicamente, a benfeitores de elevada condição, em tarefa de assistência evangélica, junto aos Espíritos recém-desligados do plano carnal.  É uma casa de transição, asilo móvel, que atende segundo as circunstâncias do ambiente, além de ser precioso ponto de ligação com as cidades espirituais em zonas superiores.

Exatamente o que você pensou caro leitor e como eu, deve  também ter se surpreendido. É um tipo de construção para movimento aéreo, mudando-se, sem maiores dificuldades, de uma região para outra, atendendo às circunstâncias. Daí o nome Casa Transitória.

Ainda nesta obra, psicografado pelo apóstolo do Cristo, Chico Xavier, vale muito a pena ler no capítulo cinco, o depoimento de Gotuzo que na Terra fora médico e católico. Em fala amargurada, considera:


Entretanto, é lamentável reconhecê-lo, nem a Ciência, nem a Religião nos prepararam, convenientemente, para enfrentar os problemas do homem desencarnado.

 

Católico fervoroso, Gotuzo afirmou a André que sempre aguardava o sossego bendito do céu ao morrer, quando de fato, desesperado, viu-se mergulhado em dolorosa cegueira espiritual e que precisou de muitos anos, no mundo espiritual, para retomar o equilíbrio. Em relato emocionante e esclarecedor, conclui:

 

“A maior surpresa para mim, presentemente, é a paisagem de serviço que a vida espiritual nos descortina”.

 

Se no livro Libertação, André Luiz retrata a dimensão das Trevas, em Obreiros da Vida Eterna, descreve a dimensão ainda mais abaixo, denominada Abismo, para onde uma equipe de espíritos socorristas se dirigem a fim de amparar almas em profundo sofrimento. Inclusive manifesta-se, entre os irmãos em penúria moral, uma senhora que, quando encarnada, havia sido espírita e conheceu Bezerra de Menezes. Assim, essa confreira se manifesta:

 

– Espíritos do Bem, auxiliai-me! Eu conheci Bezerra de Menezes na Terra, aceitei o Espiritismo. No entanto, ai de mim! Minha crença não chegou a ser fé renovadora. Dedicava-me à consolação, mas fugia à responsabilidade! A morte atirou-me aqui, onde tenho sofrido bastante as consequências do meu relaxamento espiritual! Socorrei-me, por Jesus!

 

Reiteramos a frase que é lição viva para nós: " minha crença não chegou a ser fé renovadora". Vai vendo...uma espírita desencarnada em deploráveis condições, implorando pelo socorro divino. Chico Xavier, sábio e santo seguidor do Cristo, dizia que os espíritas estavam desencarnando muito mal, principalmente, por não vivenciarem o que conheciam. Rótulo religioso não confere privilégio a espírito algum. O Espiritismo é a doutrina que, acima de tudo, deve conduzir o ser ao entendimento de que, sem a reforma íntima, a renovação não ocorrerá. 


Ainda nesta obra, a partir do capítulo onze até o vigésimo, na segunda parte do livro, o autor espiritual em verdadeira missão auxiliadora, acompanha o desenlace de cinco irmãos em diferentes condições espirituais, propiciando aos leitores, imensos conhecimentos a respeito do fenômeno da desencarnação. 

No ano seguinte, 1947, foi publicado o livro No Mundo Maior também psicografado por Chico Xavier em que André Luiz traz revelações de profundidade sobre a casa mental e o cérebro, considerado, no espírito encarnado, como órgão de manifestação da atividade espiritual.

O instrutor Calderaro, conduz André Luiz até um hospital na Terra, onde analisam, comparativamente, o cérebro físico de um enfermo encarnado com o cérebro perispiritual de um desencarnado em situação deplorável, que se liga, obsidiando o encarnado. Calderaro apresenta-nos então, ao conceito dos três andares do cérebro (físico e perispiritual) assim divididos: o primeiro, no sistema nervoso, é a residência de nossos impulsos automáticos (região do hábito e automatismo); no segundo, córtex motor, encontramos a região das conquistas atuais (esforço e a vontade) e no terceiro, nos lobos frontais temos a casa das noções superiores (ideal e a meta superior). Elucida o instrutor que trazemos em nós mesmos o passado, o presente e o futuro. Enfim, vale muito o estudo deste capítulo complementado com o seguinte, onde Calderaro aborda sobre o perispírito, como importante conquista evolutiva do espírito imortal, elucidando a respeito da química espiritual e afirmando sobre os limites do físico e do espiritual:

 

“Quase impossível é determinar-lhes a fronteira divisória, porquanto o espírito mais sábio não se animaria a localizar, com afirmações dogmáticas, o ponto onde termina a matéria e começa o espírito.”

 

É certo que muitos companheiros poderão somar outras tantas a estas sugestões, para oportuna e enriquecedora leitura, às quais possam estimular a aguçar o interesse dos espíritas e não espíritas, ao contato mais próximo e frequente das obras que se propõem a instruir, libertar e levar a criatura humana a desenvolver o amor incondicional ensinado pelo Mestre Jesus.  

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Luiz, André. Obreiros da vida eterna. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Brasília. Editora FEB, 1946. 304p.

(2) Luiz, André. No mundo maior. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Brasília. Editora FEB, 1947. 253p.

  Médium e Mediunidade   Questionados sobre que definição se pode dar dos Espíritos, na questão 76 de O Livro dos Espíritos, Kardec obte...