Revoluções periódicas – A Gênese
Certamente nosso assíduo leitor já
ouviu falar ou conhece que a Terra realiza dois movimentos importantes de
translação e de rotação, sendo o primeiro realizado ao redor do Sol em uma
órbita elíptica pela Terra, que leva, aproximadamente, 365 dias para ser
executado e significa um ano em nosso calendário oficial. O segundo, de
rotação, quando a terra gira em torno do seu próprio eixo, aproximadamente 24
horas, caracterizando um dia na Terra.
Além destes dois movimentos que a Terra realiza, há um terceiro denominado precessão dos equinócios e que poucos conhecem. Trata-se do movimento da Terra em torno do eixo de sua órbita devido a inclinação do seu eixo, especificamente é o movimento que o Polo Norte terrestre faz em relação ao ponto central da elipse da Terra no movimento de translação semelhante ao giro de um peão desequilibrado. Esta oscilação foi descrita pela primeira vez pelo astrônomo, matemático e geógrafo grego Hiparco de Nicéia (século II a.C.) e na atualidade o referido movimento é denominado Precessão geral.
Na obra básica A Gênese, Allan Kardec, no capítulo IX sobre as Revoluções
Periódicas, faz importante abordagem sobre esse tema dizendo:
“Tem a
Terra um terceiro movimento que se completa em cerca de 25.000 anos, ou,
mais exatamente, em 25.868 anos, e que produz o fenômeno denominado, em
astronomia, precessão dos equinócios. Este movimento, que não se pode
explicar em poucas palavras, sem o auxílio de figuras e sem uma demonstração
geométrica, consiste numa espécie de oscilação circular, que se há comparado à
de um pião a morrer, e por virtude da qual o eixo da Terra, mudando de
inclinação, descreve um duplo cone cujo vértice está no centro do planeta,
abrangendo as bases desses cones a superfície circunscrita pelos círculos
polares, isto é, uma amplitude de 23 e 1/2 graus de raio.
Kardec elucida que em consequência da gradual
mudança na obliquidade do eixo, o momento do equinócio avança cada ano de
alguns minutos. A esse avanço é que se deu o nome de precessão dos equinócios e
que ao longo de um certo período de tempo acarreta profundas mudanças que
passam imperceptíveis para o homem, se avaliados e considerados durante uma só
existência física. Assim continua o apóstolo do Cristo na obra básica:
Com o tempo, esses poucos minutos fazem
horas, dias, meses e anos, resultando daí que o equinócio da primavera, que
agora se verifica no mês de março, em dado tempo se verificará em fevereiro,
depois em janeiro, depois em dezembro. Então o mês de dezembro terá a
temperatura de março e março a de junho e assim por diante, até que, voltando
ao mês de março, as coisas se encontrarão de novo no estado atual, o que se
dará ao cabo de 25.868 anos, para recomeçar indefinidamente a mesma
revolução.
As consequências desta alteração, foram assinaladas por Kardec e
fundamenta as alterações que verificamos nestes tempos com o planeta Terra,
quando nos aproximamos do período de transformação do Orbe. Cita duas, na obra
A Gênese:
- 1ª O aquecimento e o resfriamento
alternativos dos pólos e, por conseguinte, a fusão dos gelos polares durante a
metade do período de 25.000 anos e a nova formação deles durante a outra metade
desse período. Resultaria daí não estarem os pólos condenados a uma perpétua
esterilidade, cabendo-lhes gozar a seu turno dos benefícios da fertilidade.
- 2ª O deslocamento gradativo do mar,
fazendo-o invadir pouco a pouco umas terras e pôr a descoberto outras, para de
novo as abandonar, voltando ao seu leito anterior.
Profunda sabedoria das Leis de Deus, como que de tempos em
tempos, tornando os diferentes solos do planeta fértil, embora em nossa
acanhada análise isso pareça prenúncio de grande catástrofe. Veja a seguir como
Kardec nos explica está ocorrência:
“Tem por efeito o entretenimento das
forças produtivas da Terra. A longa imersão é para os terrenos um tempo de
repouso, durante o qual eles recuperam os princípios vitais esgotados
por uma não menos longa produção. Os imensos depósitos de matérias
orgânicas, formados pela permanência das águas durante séculos e séculos, são
adubações naturais, periodicamente renovadas, e as gerações se sucedem sem
se aperceberem de tais mudanças.”
Ou seja, as terras produtivas
de hoje e que estão se esgotando em sua fertilidade, serão, em breve tempo,
substituídas por aquelas que haverão de emergir das profundezas dos oceanos.
Por outro lado, as que estão se tornando exauridas em sua fertilidade serão
submersas para um longo período de refazimento.
Na Revista Espírita do mês de
outubro de 1868, o espírito F. Arago, vem confirmar estas explicações
acrescentando:
O homem não abarca senão as fases de uma
duração relativamente curta, e da qual pode constatar a periodicidade; mas há
as que compreendem longas gerações de seres, e mesmo de sucessão de raças,
cujos efeitos, por conseguinte, têm para ele as aparências da novidade e da
espontaneidade, ao passo que, se seu olhar pudesse se levar a alguns de séculos
atrás, ele veria, entre esses mesmos efeitos e suas causas, uma correlação que
ele não supõe mesmo.
Ainda no mesmo artigo da Revista Espírita, com clareza
cristalina, afirma sobre a influência que todos os seres, planetas e até galáxias
exercem um sobre o outro:
“Num mesmo sistema planetário, todos os corpos que dele
dependem reagem uns sobre os outros; todas as influências físicas aí são
solidárias, e não há um único dos efeitos que designais sob o nome de grandes
perturbações, que não seja a consequência do componente das influências de todo
esse sistema.
Vou mais longe: digo que os sistemas reagem uns sobre os outros,
em razão da aproximação ou do afastamento que resulta de seu movimento de
translação através das miríades de sistemas que compõem a nossa nebulosa. Vou
mais longe ainda: digo que a nossa nebulosa, que é como um arquipélago
na imensidade, tendo também o seu movimento de translação através das miríades
de nebulosas, sofre a influência daquelas das quais se aproxima. Assim, as
nebulosas reagem sobre as nebulosas, os sistemas reagem sobre os sistemas, como
os planetas reagem sobre os planetas, como os elementos de cada planeta reagem
uns sobre os outros, e, assim, cada vez mais até o átomo; daí, em cada
mundo, as revoluções locais ou gerais, que não parecem perturbações senão
porque a brevidade da vida não permite ver os seus efeitos parciais”
Portanto, muitos
fatores estão agindo, inclusive o aquecimento global e os desmatamentos
espalhados por todo o planeta e que são cansativamente explorados nos meios de
informação, mas não somente eles. Muito importante considerar, sobretudo, que a
Humanidade se aproxima de um período de transformação, e que a Terra deve se
elevar na hierarquia dos mundos, e nestas palavras não há nada de místico, mas,
ao contrário, o cumprimento de uma das grandes leis fatais no Universo contra
as quais toda má vontade humana se quebra.
(*) Todos os
grifos são nossos
Referências
(1) Kardec, Allan. A Gênese.
Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro
da 5ª edição francesa. 25ª ed. Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944.
424p.
(1) Kardec, Allan. Revista
Espírita. Influência dos planetas sobre as perturbações
do globo terrestre. Outubro de 1868. 4ª ed. Brasília. Editora FEB, 2004. 536p.