Amnésia espiritual
Expressiva maioria das pessoas que desencarnam na Terra, Chico Xavier dizia que tres em cada quatro, trazem consigo, os traumas e as fobias, as frustrações e os complexos de quando eram encarnados. Iludem-se ao pensar que a desencarnação solucionará todos os complicados problemas do espírito.
Durante a vida física jamais pensaram em dedicar-se de forma concentrada e profunda nos assuntos pertinentes à vida espiritual, deixando para segundo ou terceiro plano, quando muito, o cultivo, em si próprios, das questões alusivas à dinâmica da vida do espírito.
É conhecido por todos os que estudam a reencarnação, que o espírito quando vai renascer ganhando um novo corpo, submete-se ao esquecimento das suas vidas pregressas, assim como do período de permanência no mundo espiritual, chamado de erraticidade.
A ocorrência é significativa e bastante necessária, segundo aprendemos em O Livro dos Espíritos, para um desenvolver mais harmonioso do espírito na encarnação, evitando que experiências comprometedoras e infelizes e relacionamentos perturbadores com outros espíritos vividos nas vidas anteriores, possam pôr a perder, na atual existência, a oportunidade reparadora.
Um dos temas muito estudados pelo Dr. Inácio Ferreira é relacionada ao esquecimento que costuma cometer o espírito quando do seu desenlace do corpo de carne. Como médico psiquiatra desencarnado, diretor do hospital dos Médiuns no mundo espiritual, ele tem observado que milhares de espíritos ao deixar o envoltório físico não se recordam da existência física que terminaram de vivenciar o que dificulta sobremaneira a conexão mental destes com a própria realidade que, agora desencarnados, vivenciam. Ou seja, estão desencarnados, porém ignoram esta situação imaginando que continuam vivendo sua vida normal na Terra.
Vamos encontrar na questão número 305 do Livro dos Espíritos a seguinte informação a respeito:
- A lembrança da existência corporal se
apresenta ao espírito de maneira completa e inesperada após a morte?
R. Não; ela vem pouco a pouco como algo
que sai gradualmente do nevoeiro à medida que nela fixa a sua atenção.
São verdadeiros espíritos desmemoriados, que por incrível que possa parecer, não se recordam que viveram na Terra em sua última passagem sobre ela. Nas reuniões mediúnicas de desobsessão e enfermagem espiritual é muito comum lidarmos com espíritos com esta característica o que, naturalmente, dificulta-nos muito falar para o irmão desencarnado necessitado, que passou pelo fenômeno da morte.
Espíritos que se retiram do corpo com total estado de inconsciência, permanecem desta forma no mundo espiritual, podendo, inclusive, reencarnarem sem saberem que haviam desencarnado.
A existência no plano físico é seu
único referencial por não cogitarem, de forma séria e aprofundada, do que
realmente os espera para lá do túmulo. Não ponderam sobre a transitoriedade da
vida terrena, sem preocupação de esforço contínuo para combaterem o excessivo
apego aos bens materiais.
Acreditamos que uma das principais
causas desta alteração é a falta de espiritualidade, que deve aqui ser
entendida não como falta de religião, mas sim de religiosidade, indiferente da
crença que abrace. Não basta frequentar uma religião, posto que muitos religiosos,
inclusive espíritas, vivenciam-na superficialmente e não se habituaram a
refletir na condição de espíritos imortais que são e, principalmente, refletir
sobre as naturais consequências que este conhecimento advém sobre nossas
vidas.
São criaturas que vivem demasiadamente centradas no corpo, dedicando muito pouco tempo sobre as questões transcendentes da vida de todos nós.
Concluímos que, a humanidade, como um todo, tem morrido muito mal, embora as luzes das doutrinas espiritualistas, especialmente o Espiritismo, tem propiciado para que façamos esta passagem de uma maneira mais lúcida.
Caro leitor, entenda que não é para qualquer um. A benção da capacidade da recordação após a morte física é característica de espíritos que já alcançaram alguma lucidez. Fácil é morrer, difícil é desencarnar e mais difícil ainda, desencarnar o pensamento.
Pensemos nisso.
(*) Todos os
grifos são nossos
Referência
(1) Kardec,
Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª
ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.
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