segunda-feira, 25 de agosto de 2025

 

“É preciso criar espírito para o gigante”

 

 

A primeira menção do espírito denominado Emmanuel na doutrina espírita se encontra no Evangelho Segundo o Espiritismo de Alan Kardec, como autor do texto denominado "O Egoísmo" no capítulo XI, Amar o próximo como a si mesmo. É este mesmo Emmanuel, o orientador espiritual da obra de Chico Xavier.

Segundo relato de Dona Carmen Pena Perácio em entrevista a Martins Peralva no livro No Mundo de Chico Xavier, consta que em julho de 1927, durante uma reunião espírita em sua a residência na Fazenda de Maquiné, município de Curvelo (MG): “ouvi uma voz suave, doce, tão cativante que logo reconheci não pertencer a qualquer criatura encarnada. A voz declarava ser “Emmanuel”, amigo espiritual do Chico e depois de começar a ouvi-lo, surgiu à minha visão mediúnica uma bela entidade, com vestes sacerdotais e apresentando aura tão brilhante”.

Sabemos que quatro anos depois, em 1931, Chico Xavier com 21 anos de idade, reencontra seu antigo amigo espiritual. Na oportunidade revelou que a amizade que os unia “se perdia na noite dos séculos”, e que, embora Chico não se lembrasse, a ligação entre ambos estava fundamentada nos mais santos laços de amizade e amor. Foram protagonistas de anteriores ligações históricas e espirituais com o Brasil.

Nesse encontro na década de 30 desdobrou-se o conhecido e famoso diálogo que transcrevemos:

 

 - Está mesmo disposto a trabalhar na mediunidade?
- Sim, se os bons espíritos não me abandonarem.
- Você não será desamparado, mas para isso é preciso que trabalhe, estude e se esforce no bem.
- O senhor acha que estou em condições de aceitar o compromisso?
- Perfeitamente, desde que respeite os três pontos básicos para o serviço.
- Qual o primeiro ponto?
- Disciplina.
- E o segundo?
- Disciplina.
- E o terceiro?
- Disciplina, é claro. Temos algo a realizar. Trinta livros para começar.

 

          Desde então, desenvolve-se intenso e profícuo trabalho de recepção, por meio da psicografia, do médium Chico Xavier, de 412 livros quando de sua desencarnação em 2002 e que atualmente (2025) já ultrapassam 500 títulos.

          Emmanuel como verdadeiro médium de Jesus Cristo, supervisionou esta insuperável obra que se trata do desdobramento da obra de Allan Kardec, já que ambos, Kardec e Chico, são o mesmo espírito. Aos que duvidam (pois os que não acreditam, não o fazem por interesses e conveniências escusas) devem ler e reler com atenção o livro Obras Póstumas (de Kardec) em que o Espírito de Verdade faz importante revelação a respeito da volta de Kardec para a continuidade de sua missão:

 

Não permanecerás longo tempo entre nós. Terás que volver à Terra para concluir a tua missão, que não podes terminar nesta existência. Se fosse possível, absolutamente não sairias daí; mas, é preciso que se cumpra a lei da Natureza. Ausentar-te-ás por alguns anos e, quando voltares, será em condições que te permitam trabalhar desde cedo. Entretanto, há trabalhos que convém os acabes antes de partires; por isso, dar-te-emos o tempo que for necessário a concluí-los.

 

Kardec escreve abaixo desta afirmativa do Espírito de Verdade a seguinte nota:

 

“Calculando aproximadamente a duração dos trabalhos que ainda tenho de fazer e levando em conta o tempo da minha ausência e os anos da infância e da juventude, até à idade em que um homem pode desempenhar no mundo um papel, a minha volta deverá ser forçosamente no fim deste século ou no princípio do outro.

 

Bem, Chico Xavier reencarnou em 1910, 41 anos após seu desencarne em Paris (1869), como o codificador da Doutrina Espírita.

Reconhecer que Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec é necessário e fundamental além de ser de importância doutrinária. Até para entendermos a trajetória do conteúdo apresentado. Allan Kardec com as obras básicas, estabeleceu bases sólidas e muito bem estruturadas dando então, origem ao alicerce, porém quem construiu o edifício foi Chico Xavier.

Um exemplo disso é a obra de André Luiz que reúne 13 obras denominada - A Vida no Mundo Espiritual – que nos trouxe uma quantidade enorme de informações técnicas relativas à Medicina e à Biologia, muitas das quais, reveladas há mais de 50 anos, ainda estão sendo confirmadas pelos estudos contemporâneos da ciência. Pode-se dizer que, neste sentido, a obra de Chico Xavier faz uma ponte entre os ensinos básicos de Allan Kardec e a ciência dos séculos 20 e 21.

No período de 75 anos (1927-2002) de mediunidade extremamente rica, valiosa e abençoada do médium de Pedro Leopoldo, ele e Emmanuel caminharam juntos, confortando-nos, esclarecendo-nos, corrigindo-nos, repletos de amor fraterno e compreensão.

Encarnado presentemente no Brasil, segundo revelação do próprio Chico Xavier, o trabalho deste amigo espiritual, a serviço do Cristo, continua. Segundo Neio Lúcio no livro Deus Conosco, o próprio Emmanuel costuma dizer:

 

    É preciso criar espírito para o gigante.  

O gigante é a terra em que hoje nos situamos, e o espírito é a luz com que devemos continuar erguendo os padrões de fraternidade mais alta e de mais avançado serviço com Jesus no Brasil todo.”

         

          Muita luz e paz. Viva Emmanuel.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Xavier, Francisco Cândido e Emmanuel.  No Mundo de Chico Xavier. Entrevistas. Editora IDE, 1967. 192p.

(2) Emmanuel. Deus conosco.  Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Editora Vinha de Luz, 2007. 617p.

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

 

Em sintonia com a luz da Mediunidade

 

 

Da conhecida definição sobre médium constante no Livro dos Médiuns, proposta por Allan Kardec: “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium”, somado ao complemento: “ Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo”, faz-nos conceber que todos somos médiuns. Entretanto, médiuns capazes de refletir as verdades sublimes que provém do mais alto, são raros...

O intercâmbio entre as Duas Esferas, mesmo para espíritos e médiuns mais experientes, é sempre um desafio. A tão discutida sintonia mediúnica não se improvisa e, em essência, está sujeita a muitos fatores de interferências, as quais poderíamos cita-las assim:

 

- disciplina, boa vontade, conhecimento, capacidade, a luta pelo pão de cada dia, disposição física, a crítica dos que exigem de nós perfeição que anda não conquistamos (e estamos muito longe disso), as nossas próprias limitações (característica de todos nós); etc.

 

Enfim, são n fatores intrínsecos e extrínsecos ao médium que contam muito quando o assunto envolve sintonia mediúnica. E não se engane, não há fórmula mágica para este tentame. A receita é simples, basta colocá-la em prática: estudar sempre, fazer o bem ao próximo e a si mesmo, pensamentos elevados, buscando na oração, o mais possível, o contato com nossos benfeitores.

O médium em ação pode ser comparado a um aparelho de alta precisão, no qual, qualquer interferência indevida acarretará resultados negativos. A sensibilidade do médium deve ser preservada, aprendendo, ele próprio, a não se expor, de forma desnecessária e constante às influências psíquicas inferiores que nos prejudicam o equilíbrio, pondo a perder oportunidades no intercâmbio mediúnico de natureza elevada.

Do livro Falando de Mediunidade, pelo espírito Dr. Odilon Fernandes, psicografado por Carlos Baccelli, extraímos profundo ensinamento a respeito da sintonia seletiva.

Vejamos:

“Na mediunidade, o médium deve se esforçar pela sintonia seletiva, quer dizer, tanto quanto possível carece de se isolar das ondas mentais que o circundam, porquanto, na chamada sintonia seletiva, o médium deve procurar o pensamento do espírito e com ele estabelece uma certa empatia, para que consiga retratá-lo ou intermediá-lo ou ainda interpretá-lo com a fidelidade que se espera.”

 

Veja, caro leitor, a tarefa não é simples, porém com o esforço diário, devemos buscar realizá-la, aperfeiçoando em nós, os instrumentos que melhor reflitam as lições que vem do alto.

Continua ainda na lição sobre sintonia seletiva o Dr. Odilon: 

 

Que o médium procure essa sintonia seletiva -  para tanto, durante o dia todo, ele há de se precaver e se manter vigilante, para que as suas defesas não cedam ante o assédio dos pensamentos gravitantes de encarnados e desencarnados, pois, assim como o homem vive imerso no oceano de oxigênio, vive também mergulhado no mar de pensamentos e emoções, que não detecta, mas percebe; que não vê, mas sente; que não toca, mas registra através de suas reações.

 

Portanto, não nos demoremos a compreender que, cabe a cada um se colocar em melhores condições na luta do dia-a-dia, para servir melhor. Cuidemos, sobretudo, para não sermos propagadores do mal, falando, enxergando e escutando seus conselhos pelos nossos canais de mediunidade ainda carentes de refino superior. Engana-se quem imagina que essas limitações possam ser supridas pelo espírito comunicante. Não, não o serão. Nestes casos, tal qual a água cristalina, que desde a fonte até seu destino final vai se acumulando de impurezas, a mensagem superior veiculada, pode estar sujeita a adquirir impropriedades inerentes à intromissão infeliz do médium no fenômeno.

O ser humano é, em essência, um dínamo de energia e que vivemos, literalmente, mergulhados em uma rede de forças e fluídos, ainda, em sua maioria, desconhecida de nós próprios.

Concluímos este artigo, convidando à reflexão dos nossos pacientes leitores, trecho do livro Nos Domínios da Mediunidade, da psicografia do apóstolo do amor Chico Xavier pelo espírito André Luiz:

“Em mediunidade, portanto, não podemos olvidar a questão da sintonia: atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá.”

 

Feliz sintonia a todos!

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 54ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 480p.

(2) Fernandes, Odilon. Falando de Mediunidade.  Psicografado por Carlos A. Baccelli. 2ª ed. Votuporanga. Editora DIDIER, 2006. 226p.

(2) Luiz, André. Nos Domínios da Mediunidade. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1955. 285p.

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

 

São chegados os tempos II – A Gênese

 

Os problemas sociais que acometem a Terra, envolvendo bilhões de seres humanos de forma direta e indireta refletem ainda a triste realidade da condição de um planeta de expiação e provas com indícios de primitivismo. Guerras, drogas, corrupção, crimes hediondos, pedofilia, estupros, escravização, tráfico de órgãos e de pessoas, ditaduras, religiões falidas. Esses males que assolam a Humanidade em todos os países, são realmente desanimadores, porém não podemos nos entregar ao desânimo.

Diante deste lamentável cenário muitos se questionam “se” e “quando” a Terra será guindada a planeta de regeneração. Afinal, “os tempos são chegados” e aguardamos, na maioria das vezes, de braços cruzados, como se essa mudança viesse por um decreto divino, e da noite para o dia, nos tornaríamos um orbe feliz com todas as relações fraternas entre os povos.

O que precisamos entender é que tudo, mas tudo mesmo, está submetido à divina  lei do progresso. Certo também é considerar que, em seu estágio atual de evolução, o homem, como ser inteligente (embora muitas vezes não pareça) é dotado do livre arbítrio e com este poder, cria o próprio destino. Unindo, portanto, a ação incorruptível dos desígnios superiores com a liberdade de ação dos homens, a qual, ultimamente, refletindo seu egoísmo e orgulho à flor da pele, bem como seu apego às coisas materiais, chegamos ao resultado do que observamos hoje na Terra como nossa realidade.

Não se descarta, e isso parece incrível, um terceiro conflito mundial que seria de caráter nuclear, ficando sem saber o que sobraria sobre a superfície deste planeta se tal enfrentamento se concretizasse. E muitos perguntam, mas Deus não está no comando? Onde sua ação protetora?

É preciso recordar que a ação Divina se faz para as criaturas através das próprias criaturas. Quantas personalidades importantes tem, no mundo de hoje, preocupados com as diretrizes de chefes ditadores, representando espíritos infelizes e equivocados, tentado influenciar de maneira a apaziguar os dirigentes das nações e propor ações que conduzam o homem a um período de concórdia na busca da paz? Os respeitáveis organismos mundiais criados com a intenção de serem espaços onde os povos possam dialogar e chegar a acordos multilaterais, asserenando conflitos, estão desacreditados e não são respeitados. Cada chefe de nação se acredita como se fosse proprietário pessoal de uma parte do mundo e a ninguém, logo mais, teria que prestar contas de seus atos impensados. Realmente o homem PERDEU O ENDEREÇO E A FÉ EM DEUS.

Importante recordar que os espíritos do sistema de Capela, antes de serem exilados para a Terra, o planeta em que habitavam, simplesmente explodiu, havendo uma desencarnação coletiva como resultado de um conflito nuclear. Quer dizer então que Deus não os protegeu? Que foram abandonados pelos cuidados divinos, o que os levou a essa matança desmedida?

Claro que não....

Sempre somos e seremos envolvidos pela misericórdia divina que sempre deseja nossa felicidade. Entretanto se a Terra hoje exibe grande avanço intelectual, moralmente tem deixado a desejar pela deplorável situação da maioria dos espíritos que aqui habitam.

Somente o progresso moral pode assegurar aos homens a felicidade na Terra, refreando as paixões más; somente esse progresso pode fazer que entre os homens reinem a concórdia, a paz e a fraternidade. Espíritos que estão chegando à Terra estão cansados da dúvida e da incerteza que lhes tem sido apresentado pelas religiões tradicionais, de forma que estarão, cada vez mais, ávidos por uma renovação nos vários aspectos da sociedade humana.

Pelo seu poder moralizador em face de todas os assuntos que abrange, o Espiritismo é, e será, em relação a qualquer outra doutrina, mais apto a conduzir os homens a este movimento de regeneração, baseados nas lições do Evangelho de Jesus.

Enquanto isso, não nos é impedido sonhar e desejar pelo mundo de Regeneração, o que, no contexto do mundo que habitamos, já é uma grande coisa.

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Kardec, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 25ª ed.  Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944. 424p.

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

 

São chegados os tempos I – A Gênese

 

A Gênese, o 5º livro das obras básicas completa neste ano de 2025, 157 anos desde seu lançamento. Publicado em 01 de agosto de 1868, a obra reforça o aspecto científico do Espiritismo.

Realizando breve reflexão sobre o último capítulo do livro A Gênese denominado “São Chegados os tempos”, Kardec propõe-se a analisar o significado das palavras que dão nome ao capítulo. Segundo o codificador, todos estes acontecimentos são cumprimento das leis da Natureza, aliás como no artigo da semana passada, ao tratar das Revoluções do Globo, encontramos a serena reflexão de Kardec, atribuindo-as ao atendimento de desígnios superiores há muito estabelecidos, não havendo nada de místico ou de sobrenatural, como representassem, tais ocorrências, subversão das leis Divinas.

Nos parece que a Humanidade deve progredir e elevar-se tanto no aspecto intelectual quanto no moral. No que concerne ao primeiro aspecto, temos visto claramente grandes avanços, principalmente sob o ponto de vista das ciências e do bem-estar material. Ainda que alguém possa argumentar que estas conquistas estejam muito mal distribuídas enquanto posse dos seres humanos, e no qual concordamos, não se há de negar que as conquistas estão por aqui e são fruto do trabalho intelectual da criatura humana.

Resta-nos verificar como tem sido usado e democraticamente (para usar uma palavra atual, um tanto desgastada), espalhada para toda a população. Neste segundo aspecto, o do maior compartilhamento dos bens materiais, já não irá depender tanto o avanço intelectual da criatura, que como concluímos, vai indo bem. Falta ainda à humanidade um grande progresso a realizar que propiciará a todos fraternidade, caridade e solidariedade e que é o progresso moral.

Como se percebe em todo o planeta, os países e sociedades rodeados de todo o bem-estar material, os países mais ricos, vamos assim considerar, ainda não são felizes e estão envolvidos em guerras, conflitos internos e externos que só parecem aumentar. De certo modo, todos os povos verificam que aliado ao bem-estar material, o moral deve ser o complemento natural para que todos avancem em prol da regeneração dos povos no planeta.

Todos conseguirão alcançar juntos este equilíbrio entre o intelectual e o moral? Claro que não. Esta melhora passa por um trabalho íntimo de superação de cada criatura que não se realiza de um momento para outro e nem ao mesmo tempo.

Kardec vai afirmar a dinâmica desta renovação, desta forma:

 

Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando não pode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de ideias. Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, até que o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, da luta das ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos gerais foram consequência do estado de formação da Terra. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade.

 

Entendemos que, embora ainda sofrendo do natural processo de amadurecimento, a Terra ainda não está totalmente livre das revoluções que periodicamente a visitam, como vimos no artigo da semana passada, temos que considerar que o ser espiritual no seu processo de amadurecimento, também sofre das convulsões, sejam elas individuais e/ou coletivas, que a matéria experimenta. Kardec, no capítulo estudado assim se refere:

 

“A efervescência que por vezes se manifesta em toda uma população, entre os homens de uma mesma raça, não é coisa fortuita, nem resultado de um capricho; tem sua causa nas leis da Natureza. Essa efervescência, inconsciente a princípio, não passando de vago desejo, de aspiração indefinida por alguma coisa melhor, de certa necessidade de mudança, traduz-se por uma surda agitação, depois por atos que levam às revoluções sociais, que, acreditai-o, também têm sua periodicidade, como as revoluções físicas, pois que tudo se encadeia. Se não tivésseis a visão espiritual limitada pelo véu da matéria, veríeis as correntes fluídicas que, como milhares de fios condutores, ligam as coisas do mundo espiritual às do mundo material.”

 

Importante ressaltar que tais mudanças operam nos dois lados da vida: o material e o espiritual. Vejamos como Kardec trata deste aspecto concernente ao assunto das mudanças no Globo:

 

“...o mundo dos Espíritos, mundo que vos rodeia, experimenta o contrachoque de todas as comoções que abalam o mundo dos encarnados. Digo mesmo que aquele toma parte ativa nessas comoções. Nada tem isto de surpreendente, para quem sabe que os Espíritos fazem corpo com a Humanidade; que eles saem dela e a ela têm de voltar, sendo, pois, natural se interessem pelos movimentos que se operam entre os homens. Ficai, portanto, certos de que, quando uma revolução social se produz na Terra, abala igualmente o mundo invisível, onde todas as paixões, boas e más, se exacerbam, como entre vós.”

 

Os tempos em que presentemente vivemos exibem verdadeira confusão geral, onde as revoluções e tormentos físicos, aliadas às comoções de ordem moral que denotam uma “aparente” desordem (inconcebível com a ideia de um Deus Pai, justo e bom), desafia-nos todos a testar a fé no porvir. São todos eles desafios necessários para que a Humanidade seja reconstituída sobre novas bases que haverão de conduzi-la a novas etapas de progresso.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referência

(1) Kardec, Allan. A Gênese. Os milagres e as predições segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro da 5ª edição francesa. 25ª ed.  Rio de Janeiro. Editora FEB, 1944. 424p.

 

  Médium e Mediunidade   Questionados sobre que definição se pode dar dos Espíritos, na questão 76 de O Livro dos Espíritos, Kardec obte...