segunda-feira, 30 de junho de 2025

 

Você leu? Você conhece? - I


Que o estudo da Doutrina espírita nos abre mais largo entendimento sobre a vida espiritual e, consequentemente, as repercussões e influências desta sobre a vida na Terra, é fato. Fenômeno interessante é que aquele que mais estuda e se aprofunda neste conhecimento, desenvolve uma sensação que nada sabe e reconhece cada vez mais e mais, sua pequenez frente à beleza da criação Divina. E note que me refiro à criação que, pelas mais diversas ciências humanas já nos foram reveladas e que representa ínfima parcela do que realmente existe em toda a criação divina.

Neste contexto, atendo-se somente à pequena parte da obra literária de Chico Xavier ditada pelo espírito André Luiz, conhecida como “A vida no mundo espiritual”, aproveito o artigo desta semana para sugerir alguns trechos ou capítulos que, dentre outros tantos, se destacam e para mim, são de leitura, estudo e reflexão indispensáveis aos interessados no conhecimento proporcionado pelo Espiritismo.

Vamos então a eles.

Você já leu o primeiro capítulo do livro Libertação, denominado “Ouvindo elucidações”? É uma na palestra do Ministro Flácus, que por si só já vale o livro todo, esclarecendo que o homem sobre a Terra lida com a razão há quarenta mil anos, além de explicar o processo de simbiose no regime de interdependência em que vivem encarnados e desencarnados, com destaque ao vampirismo. Referindo-se a um vasto império de seres desencarnados que vivem vizinhos a nós, encarnados, afirma o ministro:

 

“Aí se agitam milhões de Espíritos imperfeitos que partilham, com as criaturas terrenas, as condições de habitabilidade da Crosta do Mundo. Seres humanos, situados noutra faixa vibratória, apoiam-se na mente encarnada, através de falanges incontáveis, tão semiconscientes na responsabilidade e tão incompletas na virtude, quanto os próprios homens”.

Refere-se aos espíritos desencarnados que, vivos, permanecem adjuntos aos encarnados, na Crosta terrestre em processo de intenso parasitismo.

 

“Um reino espiritual, dividido e atormentado, cerca a experiência humana, em todas as direções, intentando dilatar o domínio permanente da tirania e da força.”

 

        Como disse o apóstolo Paulo em Hebreus 12,1: “estamos cercados por tão grande nuvem de testemunhas” aludindo aos Espíritos que nos observam os passos e anotam nossas atitudes, onde estivermos, porque para eles não há barreiras físicas.

E o ministro Flácus, prossegue no esclarecimento:


“Rebelados filhos da Providência, tentam desacreditar a grandeza divina, estimulando o poder autocrático da inteligência insubmissa e orgulhosa e buscam preservar os círculos terrestres para a dilatação indefinida do ódio e da revolta, da vaidade e da criminalidade, como se o Planeta, em sua expressão inferior, lhes fosse paraíso único, ainda não integralmente submetido a seus caprichos, em vista da permanente discórdia reinante entre eles mesmos"


Tratando-se de um planeta com espíritos imperfeitos sujeitos a expiações e provas, isto é mais que esperado. Remete-nos ao ensinamento do Mestre Jesus sobre a “necessidade do escândalo” no capítulo oito do Evangelho Segundo o Espiritismo.

Somente um médium como Chico Xavier, poderia na Terra, desempenhando tão grandiosa missão, transmitir-nos  profundas revelações que, quando assimiladas pelos encarnados, serão verdadeiros antídotos às influenciações e obsessões dos espíritos desencarnados. 


Falando em mediunidade, você sabia por quais mecanismos da mente surgiram, nos homens primitivos de pensamentos elementares, os processos inconscientes da conjugação mediúnica? Em outras palavras, o fenômeno mediúnico enquanto instrumento de manifestação e força para influenciar e ser influenciado? No capítulo doze do livro Mecanismo da Mediunidade, encontramos substancioso esclarecimento a respeito do princípio desta atividade psíquica no homem, destacando os reflexos psíquicos condicionados, pelos quais se expande a vida mental do espírito humano. A mediunidade está na Terra desde que, sobre ela, os primeiros homens passaram a existir.

Sabia você que após a morte, o espírito pode dormir acalentando verdadeiros pesadelos que o atormentam por tempo indeterminado? Ao consultar o livro Os Mensageiros no capítulo 22, intitulado “Os que dormem”, saberemos de pavilhões que acolhem espíritos, que no dizer de André Luiz:

 

“São criaturas que nunca se entregaram ao bem ativo e renovador, em torno de si, e mormente os que acreditaram convictamente na morte, como sendo o nada, o fim de tudo, o sono eterno”.

 

E continua:

 

... as criaturas que perseveram em negação deliberada e absoluta, não obstante, por vezes, filiadas a cultos externos de atividade religiosa, que nada veem além da carne nem desejam qualquer conhecimento espiritual, são verdadeiramente infelizes.”

 

E finaliza:

 

“Dormem, porque estão magnetizados pelas próprias concepções negativistas; permanecem paralíticos, porque preferiram a rigidez ao entendimento; mas, dia virá em que deverão levantar-se e pagar os débitos contraídos”.

 

Somos filhos e herdeiros do que nos alimentamos no campo da fé, do pensamento e das atitudes e segundo essas concepções, especialmente as religiosas, guardaremos equilíbrio ou perturbação, ainda que seja na forma de ilusório sono.


Você leu, no livro Evolução em Dois Mundos, logo no início, mais precisamente no capítulo dois que trata do corpo espiritual, oportuna referência sobre morte e renascimento no mundo espiritual? Isso mesmo amigo leitor, para o espírito poder reencarnar em dimensão física, como a Terra, se faz necessário que ele perca o perispírito, na sua forma mais exterior, ou seja, é o fenômeno da segunda morte. Corroborando, encontramos também esta explicação nos ensinamentos de Heigorina Cunha no livro Imagens no Além, de autoria espiritual de Lucius. De acordo com o espírito de Mariano da Cunha Júnior, o espírito Lucius foi Camille Flammarion (1842/1925), cientista e astrônomo francês, o qual, por sua vez, segundo revelação de Chico Xavier, havia sido Galileu Galilei (1564/1642), físico e astrônomo italiano. É só conferir.

Voltando à obra de André Luiz, ele afirma:

 

“(o perispírito) ...pode também desgastar-se, na esfera imediata à esfera física, para nela se refazer, através do renascimento, segundo o molde mental preexistente, ou ainda restringir-se a fim de se reconstituir de novo, no vaso uterino, para a recapitulação dos ensinamentos e experiências de que se mostre necessitado..." 


É a tese da reencarnação no mundo espiritual, defendida, coerentemente, por Dr. Inácio Ferreira em suas mais de 50 obras, psicografadas pelo médium Carlos Baccelli.

Você conhece a obra Missionários da Luz em que André Luiz revela, por primeira vez na literatura espírita, a epífise e sua importante função, no organismo físico, no tocante à mediunidade? 

Considerada por Alexandre, instrutor espiritual na referida obra, como a glândula da vida mental, funcionando como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos do homem na Terra e se destaca como órgão de elevada expressão no corpo etéreo, ou seja, é o referendo do médico espiritual André Luiz, que há sim órgãos no corpo espiritual ou perispírito. Lembrando que a vida na Terra é cópia imperfeita da vida no mundo espiritual.

     Ainda neste livro, no capítulo seguinte, de número três, André Luiz apresenta um dos capítulos mais importantes de toda sua obra pela psicografia de Chico Xavier, abordando os bastidores espirituais de uma reunião mediúnica, esclarecendo o processo do desenvolvimento mediúnico. Registra a experiência de três médiuns com problemas relacionados ao campo sexual, ao consumo de álcool em excesso e à gula e suas implicações na mediunidade. Leitura indispensável para os candidatos aos trabalhos da mediunidade, aprendemos que:

 

“...mediunidade elevada ou percepção edificante não constituem atividades mecânicas da personalidade e sim conquistas do Espírito, para cuja consecução não se pode prescindir das iniciações dolorosas, dos trabalhos necessários, com a autoeducação sistemática e perseverante."

 

Retomaremos nossas reflexões na próxima semana.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Luiz, André. Libertação. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 17ª ed. Brasília. Editora FEB, 1949. 263p.

(2) Luiz, André. Mecanismos da mediunidade. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1959. 188p.

(3) Luiz, André.  Os Mensageiros. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 33ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 268p.

(4) Luiz, André. Evolução em dois mundos. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 8ª ed. Brasília. Editora FEB, 1985. 219p.

(5) Lucius. Imagens do além. Psicografado por Heigorina Cunha. 1ª ed. IDE, 1994. 94p.

(6) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.

segunda-feira, 23 de junho de 2025

 

Desperte e aproveite sua oportunidade.

 

578. Poderá o Espírito, por própria culpa, falir na sua missão? 

“Sim, se não for um Espírito superior.”

 a) - Que conseqüências lhe advirão da sua falência?

“Terá que retomar a tarefa; essa a sua punição. Também sofrerá as conseqüências do mal que haja causado.”

 

 

É bem conhecida a afirmativa, atribuída a Chico Xavier, que diz que os espíritas estão desencarnando mal. Por que será?

Provável em razão de todas as possibilidades relativas ao conhecimento da vida espiritual que tem acesso no Espiritismo e ainda assim, após a morte do corpo físico, chegam no mundo espiritual em frangalhos, deixando muito a desejar, requerendo, por parte dos amigos espirituais, muitos esforços a fim de reequilibrá-los. 

A quem muito foi dado muito será pedido e a carga de responsabilidade será sempre proporcional ao nível de consciência da criatura. E não nos iludamos, porque não será nenhum juiz que efetuará a referida cobrança e sim a própria consciência de cada um, mormente se o espírita já adquiriu lucidez suficiente para iniciar e desenvolver o seu processo de reforma íntima.

Você já ouviu falar ou já leu o livro Voltei?

Obra magnífica recebida pelas abençoadas mãos de Chico Xavier. Encontramos nesta obra a experiência vivida pelo irmão Jacob, autor espiritual, pseudônimo de Frederico Figner. Interessante analisar que no livro Nosso Lar conhecemos a experiência relatada por André Luiz que, quando encarnado, não esposava as lições exaradas na doutrina espírita. Entretanto, em Voltei, a experiência apresentada é de um confrade, considerado um dos espíritas mais perfeitos do seu tempo e pudemos conhecer as dificuldades enfrentadas no seu processo de readaptação à pátria espiritual. Portanto, é muito indicado a sua leitura para que tenhamos ideia e dimensão das dificuldades que provavelmente enfrentaremos ao retornarmos à pátria espiritual.

Já de cara, no prefácio da obra, irmão Jacob esclarece: 

“Enquanto no corpo, não formulamos a ideia exata do que seja a realidade, além da morte. Ainda mesmo quando o Espiritismo nos ajuda a pensar seriamente no assunto, debalde tentaremos calcular relativamente ao futuro, depois do sepulcro”.

 

Curioso observar a afirmação que nos leva a concluir que o simples fato de sermos espíritas não quer dizer muita coisa.  Às vezes, não quer dizer nada mesmo, só piora, do ponto de vista do que colheremos após a desencarnação, concorda comigo?

Encarnações e mais encarnações, séculos e mais séculos de condicionamento em crenças religiosas, que se foram importantes em determinado momento de nossas existências, não lograram elucidar-nos sobre a dinâmica da vida espiritual. O Espiritismo como doutrina libertadora de consciências e de corações, como afirma Emmanuel, vem nos arrancar da ilusão em que nos demoramos impedindo nosso avanço na trajetória evolutiva de filhos de Deus.

 

Irmão Jacob continua:

“Acreditei que o fim das limitações corporais trouxesse inalterável paz no coração, mas não é bem assim.”

 

E mais adiante:

“Guardem a certeza de que o Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo não é apenas um conjunto brilhante de ensinamentos sublimes para ser comentado em nossas doutrinações – é Código da Sabedoria Celestial, cujos dispositivos não podemos confundir.”

Recomendo fortemente a leitura e estudo desta obra imperdível da psicografia de Chico Xavier.

Na obra Missionários da luz de André Luiz pela psicografia de Chico Xavier, somos apresentados, pelos amigos espirituais a um conceito muito interessante. Trata-se dos espíritos completistas.

André Luiz, na ocasião, se encontrava em um instituto de planejamento de reencarnação da cidade Nosso Lar dialogando com Manassés, um dos trabalhadores da instituição, que lhe apresenta uma entidade simpática que, após quinze anos de trabalho nas atividades de auxílio, regressaria à esfera carnal para a liquidação de determinadas contas e estava submetendo-se a um planejamento reencarnatório. 

Manassés dirigindo-se ao companheiro Silvério, candidato a reencarnação, que demonstrava estar um tanto preocupado e hesitante quanto ao êxito do projeto reencarnatório, dá-lhe a seguinte orientação:

 

“Trate de aproveitar a oportunidade. Todos os seus amigos esperam que você volte, mais tarde, à nossa colônia, na gloriosa condição de um “completista”.

 

André Luiz, curioso, pergunta a Manassés o que significava o termo completista no que é imediatamente atendido ouvindo estas informações:

“É o título que designa os raros irmãos que aproveitaram todas as possibilidades construtivas que o corpo terrestre lhes oferecia. Em geral, quase todos nós, em regressando à esfera carnal, perdemos oportunidades muito importantes no desperdício das forças fisiológicas”. (...)

Perambulamos por lá, fazendo alguma coisa de útil para nós e para outrem, mas, por vezes, desprezamos cinquenta, sessenta, setenta per cento e, frequentemente, até mais, de nossas possibilidades.

 

É isto mesmo que você leu. Não se enganou não, caro leitor. Em nossas experiências encarnatórias, segundo o irmão especializado nestes assuntos, desprezamos a metade e muitas vezes, quase a totalidade das possibilidades que nos foram concedidas para o tentame reencarnatório. 

Por esta razão, dentre outras, que Dona Laura, mãe de Lísias, quando se preparava para sua reencarnação na Terra afirmou:

 

 “...devemos compreender que a reencarnação é sempre uma tentativa de magna importância.”

Este aprendizado consta no livro Nosso Lar.

Manassés, complementa a informação, para nós preciosa, abordando os expressivos direitos daqueles que exibem a condição de completistas:

 

“O “completista”, na qualidade de trabalhador leal e produtivo, pode escolher, à vontade, o corpo futuro, quando lhe apraz o regresso à Crosta em missões de amor e iluminação, ou recebe veículo enobrecido para o prosseguimento de suas tarefas, a caminho de círculos mais elevados de trabalho.”

 Reflitamos!

Quanto nos perdemos em desregramentos de toda a sorte complicando os caminhos evolutivos, criando, consciente ou inconscientemente, laços escravizantes, alimentando enganos e fantasias, destruindo o corpo e envenenando a alma.

É preciso que se saiba que ninguém falha na sua missão totalmente; sempre há o que aproveitar para a sua instrução, mesmo porque, o mal que ele causar responderá por ele, por vezes voltando em outro instrumento físico para terminar a sua tarefa. O Espírito não retrocede; ele, cada vez mais, cresce em todos os rumos da verdade.

Os Espíritos superiores são conscientes de que o reencarnante pode falhar nos seus labores junto aos homens, mas, isso faz parte do seu aprendizado. A Terra é uma universidade, onde o Espírito recolhe suas experiências e acumula valores no coração da vida.

Para aquele que falhou na sua missão, o castigo, mesmo como Espírito conhecedor da verdade, é de retornar ao campo de lutas na carne, para começar de novo e fazer o que deixou de realizar, para tornar-se um completista. Há determinados missionários que fazem além do previsto; esses são Espíritos altamente conscientes dos seus deveres junto à humanidade, e aproveitam sua estada na Terra, reunindo todos os seus esforços, avançando além do previsto e realizando maravilhas.

Espelhemo-nos nos espíritos completistas, imitando seus esforços e sigamos adiante arrimados no amor e no serviço ao próximo. Conquanto, passem, frequentemente, como anônimos na Terra, trazem imenso lastro de espiritualidade superior. Amadurecidos que são, quando atingem a situação de “completistas”, abandonam toda experiência que os possa distrair no caminho de realização da Vontade Divina.

Repito para fixar: “abandonam toda experiência que os possa distrair no caminho”. Complicado não é amigo(a) leitor(a)?

Tenho a impressão que isso é o que mais fazemos. Distrair-nos com ilusões que não nos conduzem a nada. Antes, só nos trazem mais sofrimentos, criando expiações para o triste futuro.

Uma dica para começar?

Aqui vai:

Não se permita a hora vazia. Preencha seu tempo ocioso, que é por onde a tentação irá se insinuar esquentando nossas fragilidades. De preferência, trabalhe no bem, em favor de alguém, saindo do comodismo milenar que insiste em nos prender em suas teias. Somente assim nos defenderemos contra as arremetidas dos espíritos infelizes e principalmente, das nossas próprias imperfeições.

Firme estas certezas: um espírita fora do corpo, nada mais é do que um espírito. As obras que realize no bem aqui na Terra, é que irão fazer a diferença. Por outra, vivenciar o ensinamento do mestre Jesus “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Jacob, Irmão. Voltei. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 1ª ed. Brasília. Editora FEB, 1949. 176p.

(2) Luiz, André. Missionários da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 15ª ed. Brasília. Editora FEB, 1982. 347p.

segunda-feira, 16 de junho de 2025

                        Aprendendo sobre o Perispírito II

                            

Continuando nossas anotações sobre o Perispírito, registramos mais algumas considerações sem, de forma alguma, pretender esgotar o assunto, que é extenso e complexo, deixando claro que ainda nem tudo, alusivo ao corpo espiritual, já tenha sido escrito e transmitido pelos amigos espirituais para nós, encarnados na Terra.

 

- no conhecimento do perispírito está a chave de inúmeros problemas até hoje insolúveis, destacando-se: os fenômenos mediúnicos, portanto, se deseja conhecer sobre mediunidade, é necessário conhecer sobre o corpo espiritual; a área de atuação da Medicina nas suas diversas especialidades, mormente a psicologia e a psiquiatria. Considerando somente o elemento material ponderável, a medicina priva-se de reconhecer importante causa de enfermidades, tendo, da mesma forma, restrita a possibilidade de atuação terapêutica;

 

- há sim, órgãos no perispírito. Atendendo as leis da natureza que estruturam a vida terrestre em princípios de perfeita continuidade, o próprio corpo físico é exteriorização aproximada do corpo espiritual. Sem deixar de mencionar, a importante, porém não absoluta, subordinação do corpo físico aos mecanismos da herança genética que regem as formas anatômicas, atribuídas segundo ditames superiores, para cada indivíduo;

 

- as trilhões de unidades celulares que formam o perispírito, de tal forma se impregnam e se saturam das energias vitais e vibracionais da criatura, que explicam os sofrimentos e as angústias experimentados por ocasião da morte do corpo físico;

 

- o organismo perispirítico, valendo-se de sua capacidade de absorção, alimenta-se de formas mentais, sem utilizar a boca física. Assim como ingerimos alimentos venenosos que nos intoxicam o corpo, também o perispírito pode absorver elementos viciosos e degradados atuando a desequilibrar os centros de força. Portanto, onde estiver, o homem, ainda que não perceba a extensão do fenômeno, recebe o alimento mental temperado com o magnetismo daqueles que com ele convivem;

 

- em nosso cérebro, mais especificamente nos lobos frontais, encontram-se importante pontos de exteriorização fisiológica de centros perispiríticos, em que repousam milhões de células, à espera, para funcionar, atendendo à espiritualização do ser humano;

 

- assim como, não existem dois corpos físicos totalmente iguais, o corpo espiritual ou perispírito não é idêntico, de maneira absoluta, em cada um de nós;

 

- no mundo espiritual, a consciência, através da força mental, é capaz de provocar transformações mais rápidas no perispírito, em razão de suas moléculas girarem em mais alto padrão vibratório com movimentos mais intensivos que as moléculas do corpo carnal;

 

- analisando a fisiologia do perispírito, temos os centros de força, vórtices de energia, dos quais destacamos os principais, já que são inúmeros esses fulcros de força. Temos sete principais que são: “centro coronário” centro cerebral; laríngeo; cardíaco; esplênico; gástrico; genésico. Cada um deles, responsável e controlador das estruturas tanto no campo material como no espiritual, a requerer absoluta harmonia, perante as leis divinas, para a devida expressão;

 

- o perispírito é corpo suscetível de sofrer alterações múltiplas e a adquirir doenças. Pode, portanto, desgastar-se e perecer, podendo renascer na própria esfera física segundo o molde mental preexistente ou sofrer o processo de restringimento a fim de se reconstituir no vaso uterino na esfera física. Corpo gera corpo, portanto, perispírito que também é corpo, gera perispírito. É a tese da reencarnação no mundo espiritual, advogado, de forma muito coerente, pelo Dr. Inácio Ferreira;

 

- a chamada “segunda morte” é o fenômeno da perda da forma perispiritual, e ocorre nos seguintes casos:

--- espíritos que, por mérito, se encaminham para dimensões superiores, se desfazendo do perispírito;

--- irmãos desencarnados que se submetem a operações redutivas e desintegradoras dos elementos perispiríticos para renascerem na Terra; 

--- os irmãos ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual;

 

- a doença, resultante de desequilíbrio moral do ser espiritual é alimentada pelos pensamentos e nele prevalece, mesmo depois da morte do corpo físico; assim concebe-se que determinadas enfermidades e moléstias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao diagnóstico da medicina humana, podem sobreviver no perispírito;

 

- o corpo físico é mantido pelo corpo espiritual a cujos moldes se ajusta e, desse modo, a influência sobre o organismo sutil é decisiva para o envoltório de carne, em que a mente se manifesta;

 

Se você, prezado leitor, já conhecia todos estes apontamentos a respeito do perispírito é um sinal que você tem procurado conhecer este importante tópico que, mais que nenhuma outra crença ou doutrina, o Espiritismo tem aclarado. Acrescento que, a quase totalidade deles estão registrados nas obras de André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier. Portanto é muito recomendável conhecê-las e estudá-las. O assunto, repito, é complexo e ainda não completamente revelado para nós, simples terráqueos. Então mão à obra, pois agora a bola está com vocês. Pesquisem e estudem.

Um forte abraço.

 Referências: 

    Obras de André Luiz psicografadas por Francisco Cândido Xavier.




segunda-feira, 9 de junho de 2025

 

Aprendendo sobre o Perispírito - I

 

Ao citar pela primeira vez o termo “perispírito”, Allan Kardec, que o cunhou, assim se refere na Introdução de O Livro dos Espíritos:

 

“Há no homem três coisas: 1º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3º, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos. O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.

Na segunda referência que faz ao perispírito ou corpo espiritual, Kardec, na questão 93 do citado livro, o define e já nos indica uma característica dele que, na resposta, pode passar desapercebida, Vejamos:

 

O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?

R. “Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.

 

Depois compara:

Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.

 

A resposta dos espíritos superiores não deixa dúvida: “assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira”, ou seja, há limitação de deslocamento do períspirito em razão da sua maior ou menor materialidade, a qual representa a condição evolutiva do espírito. Está implícita na resposta, ou explícita para aquele que consegue extrair o espírito da letra, a existência da lei da gravidade, nas dimensões que circundam a crosta.

Questão de densidade da matéria.

Ou seja, (de novo) o espírito desencarnado ou encarnado, em processo de desdobramento durante o sono, não pode ir onde queira sua vontade. Se fosse assim, alcançar os páramos celestiais após a morte seria fácil. Bastaria o desejo ardente de subir para se safar nas dimensões inferiores, das consequências dos atos praticados contra a lei divina.

Em outras palavras, quanto menos evolução espiritual, mais matéria; quanto maior a evolução do espírito, menos matéria.

 

No capítulo 33 do livro Nosso Lar, “Curiosas observações”, André Luiz se assusta ao visualizar dois seres, a ponto de fugir:

 

...divisei ao longe dois vultos enormes que me impressionaram vivamente. Pareciam dois homens de substância indefinível, semiluminosa. Dos pés e dos braços pendiam filamentos estranhos, e da cabeça como que se escapava um longo fio de singulares proporções. Tive a impressão de identificar dois autênticos fantasmas. Não suportei. Cabelos eriçados, voltei apressadamente ao interior.

 

Nessa hora ele questiona Narcisa, sua companheira de trabalho mais experiente, que lhe tranquiliza explicando:

 

“Trata-se de poderosos Espíritos que vivem na carne em missão redentora e podem, como nobres iniciados da Eterna Sabedoria, abandonar o veículo corpóreo, transitando livremente em nossos planos. Os filamentos e fios que observou são singularidades que os diferenciam de nós outros. Não se arreceie, portanto. Os encarnados, que conseguem atingir estas paragens, são criaturas extraordinariamente espiritualizadas, apesar de obscuras ou humildes na Terra.”

 

Atente ao nosso grifo. Não é para qualquer um aportar na cidade Nosso Lar por conta própria, sem que seja conduzido em dolorosas e sofridas condições para as câmaras de retificação do ministério do Auxílio. André Luiz, autor espiritual de valorosa obra pela mediunidade apostolar de Chico Xavier, chegou carregado de maca com auxílio de “dois servos desvelados”, após perambular por mais de 8 anos no Umbral.

 

Por outro lado, os irmãos referidos no texto, foram designados por Narcisa como “poderosos Espíritos em missão”; “extraordinariamente espiritualizados”. Não resta dúvida que, em razão desta condição espiritual, a menor densidade material de seus corpos espirituais aliados a outras condições, permitiram que se deslocassem em consideráveis distâncias, mesmo encarnados.

Também os fios e filamentos que André visualizara pendendo das mãos, pés e cabeça das duas nobres entidades, nada mais eram que o conhecido cordão prateado que representam prolongamentos do corpo espiritual ou perispírito.

Realmente não é para qualquer um.

Estudemos sobre o Perispírito para nosso melhor entendimento dos fatos espirituais e de importantes questões referentes à mediunidade, assim como, para não sermos pegos assustados como nosso prezado companheiro André Luiz.

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referências

(1) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed.  Brasília. Editora FEB, 1944. 494p.

(2) Luiz, André. Nosso Lar. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 45ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 281p.


segunda-feira, 2 de junho de 2025

 

Ser médium é fácil, difícil é ser bom

 

A frase que intitula o artigo desta semana atribuída ao Dr. Odilon Fernandes, valoroso estudioso e profundo conhecedor à cerca da mediunidade, nos deve conduzir a mais profundas reflexões em relação ao nosso real papel na Doutrina Espírita.

Acreditar que basta estarmos frequentando a doutrina, escrever e publicar livros e artigos, participar ativamente de uma casa espírita ou ajudar no desenvolvimento da doutrina será suficiente para o nosso engrandecimento espiritual.

Quem dera fosse tão fácil assim.

As revelações disponíveis na literatura espírita para nós, já bastante crescidinhos, são mais que suficientes para guiar-nos e não nos deixar iludir ou enganar-nos uma vez mais nesta presente encarnação.

É bom ir avisando que, a adesão a esta ou aquela crença religiosa não garante nenhum acesso aos mundos superiores. Deixemos, de uma vez por todas, de acreditar que rótulos religiosos podem salvar este ou aquele crente. Até mesmo para o espírita, pois a doutrina espírita não é proprietária da Verdade. A verdade é a verdade, que o diga Pilatos, e cedo ou tarde, terminará por se impor aos mesquinhos interesses humanos. 

Em Jesus, cuja perfeição para nós, se perde na noite dos tempos, a verdade inestancável, o nosso modelo de sabedoria e de amor. “Eu e meu pai somos um” dizia o Mestre se referindo a sua constante ligação com o alto, a oferecer fiel modelo de como deve ser para o ser humano na Terra, o cultivo da mediunidade com Jesus.

No esforço constante e diário de permanecer em sintonia com as esferas mais altas, deve o cristão procurar sublimar a sua mediunidade, ainda mesmo que hoje ela se manifeste de forma incipiente.

Saibamos reconhecer e aceitar humildemente, o nosso posto de médiuns aprendizes e iniciantes, detentores de manifestações ainda muito primárias. Como expressa o Dr. Odilon Fernandes: "em matéria de mediunidade, agora é que estamos saindo da caverna".

Médiuns com reais condições e com missões na Terra, são raros. A quase totalidade de médiuns que procuram traduzir o pensamento dos desencarnados para a Terra está lidando com espíritos comuns. Não obstante, não esqueçamos que foram os espíritos batedores, localizados como últimos na escala espírita, que sob a tutela dos Espíritos superiores, deflagraram os fenômenos físicos, que após serem estudados por Allan Kardec, abriram caminho para a codificação do espiritismo.

Assim também, diversos médiuns, portadores de excelentes faculdades mediúnicas, direta ou indiretamente, foram convocados ao labor da mediunidade pelo assédio de espíritos inferiores. E todos, indistintamente, assumindo a charrua do esforço, mostraram seu valor, não pelo número de faculdades mediúnicas que eram portadores, mas sim pelo bem ao próximo que souberam produzir utilizando está bendita ferramenta.

Ser médium não deve ser encarado como privilégio, e sim como concessão da misericórdia divina por serviço e oportunidade de engrandecimento.  

André Luiz, no livro Ideal espírita, apresenta a única medida capaz de nos elevar:

 

“A carteira de identidade presta informações de sua pessoa humana. O calendário fala de sua idade física. O relógio marca o seu tempo. O metro especifica as dimensões do seu corpo. A altitude revela a sua localização transitória sobre o nível do oceano. A tinta grava as suas impressões digitais. O trabalho demonstra a sua vocação. A radiografia faculta o exame dos seus órgãos. O eletrocardiógrafo determina as oscilações do seu músculo cardíaco.

Todos os seus estados e condições, realizações e necessidades podem ser definidos por máquinas, engenhos, instrumentos, aparelhos, laboratórios e fichários da Terra, entretanto, não se esqueça você de que o serviço ao próximo é a única medida que fornece exata notícia do seu merecimento espiritual.”

         

          A nossa maior necessidade é sermos bons! O resto virá por acréscimo...

 

(*) Todos os grifos são nossos

 

Referência

(2) Diversos Espíritos. Ideal espírita. Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. 11ª ed. Editora CEC, 1991. 236p.

  Médium e Mediunidade   Questionados sobre que definição se pode dar dos Espíritos, na questão 76 de O Livro dos Espíritos, Kardec obte...