Aprendendo sobre o Perispírito - I
Ao citar pela
primeira vez o termo “perispírito”, Allan Kardec, que o cunhou, assim se refere
na Introdução de O Livro dos Espíritos:
“Há
no homem três coisas: 1º, o corpo ou ser material análogo aos animais e animado
pelo mesmo princípio vital; 2º, a alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no
corpo; 3º, o laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a
matéria e o Espírito.
Tem
assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais,
cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.
O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de
envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais
grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo,
invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente
visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.
Na segunda
referência que faz ao perispírito ou corpo espiritual, Kardec, na questão 93 do
citado livro, o define e já nos indica uma característica dele que, na
resposta, pode passar desapercebida, Vejamos:
O Espírito,
propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está
sempre envolto numa substância qualquer?
R. “Envolve-o uma substância,
vaporosa para os teus olhos, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz
vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde
queira.”
Depois compara:
Envolvendo o gérmen de
um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação,
se pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.
A resposta dos espíritos superiores não deixa
dúvida: “assaz vaporosa, entretanto,
para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira”, ou
seja, há limitação de deslocamento do períspirito em razão da sua maior ou
menor materialidade, a qual representa a condição evolutiva do espírito. Está
implícita na resposta, ou explícita para aquele que consegue extrair o espírito
da letra, a existência da lei da gravidade, nas dimensões que circundam a
crosta.
Questão de densidade da matéria.
Ou seja, (de novo) o espírito desencarnado ou
encarnado, em processo de desdobramento durante o sono, não pode ir onde queira
sua vontade. Se fosse assim, alcançar os páramos celestiais após a morte seria
fácil. Bastaria o desejo ardente de subir para se safar nas dimensões
inferiores, das consequências dos atos praticados contra a lei divina.
Em outras palavras, quanto menos evolução espiritual, mais matéria; quanto maior a evolução do espírito, menos matéria.
No capítulo 33 do livro Nosso Lar, “Curiosas
observações”, André Luiz se assusta ao visualizar dois seres, a ponto de fugir:
...divisei ao longe
dois vultos enormes que me impressionaram vivamente. Pareciam dois homens de
substância indefinível, semiluminosa. Dos pés e dos braços pendiam filamentos
estranhos, e da cabeça como que se escapava um longo fio de singulares
proporções. Tive a impressão de identificar dois autênticos fantasmas. Não
suportei. Cabelos eriçados, voltei apressadamente ao interior.
Nessa hora ele questiona Narcisa, sua
companheira de trabalho mais experiente, que lhe tranquiliza explicando:
“Trata-se de poderosos
Espíritos que vivem na carne em missão redentora e podem, como nobres iniciados
da Eterna Sabedoria, abandonar o veículo corpóreo, transitando livremente em
nossos planos. Os filamentos e fios que observou são singularidades que os
diferenciam de nós outros. Não se arreceie, portanto. Os encarnados, que
conseguem atingir estas paragens, são criaturas extraordinariamente
espiritualizadas, apesar de obscuras ou humildes na Terra.”
Atente ao nosso grifo. Não é para qualquer um aportar
na cidade Nosso Lar por conta própria, sem que seja conduzido em dolorosas e
sofridas condições para as câmaras de retificação do ministério do Auxílio.
André Luiz, autor espiritual de valorosa obra pela mediunidade apostolar de Chico
Xavier, chegou carregado de maca com auxílio de “dois servos desvelados”, após perambular por mais de 8 anos no
Umbral.
Por outro lado, os irmãos referidos no texto,
foram designados por Narcisa como “poderosos
Espíritos em missão”; “extraordinariamente espiritualizados”. Não
resta dúvida que, em razão desta condição espiritual, a menor densidade material
de seus corpos espirituais aliados a outras condições, permitiram que se
deslocassem em consideráveis distâncias, mesmo encarnados.
Também os fios e filamentos que André
visualizara pendendo das mãos, pés e cabeça das duas nobres entidades, nada
mais eram que o conhecido cordão prateado que representam prolongamentos do
corpo espiritual ou perispírito.
Realmente não é para qualquer um.
Estudemos sobre o Perispírito para nosso melhor
entendimento dos fatos espirituais e de importantes questões referentes à
mediunidade, assim como, para não sermos pegos assustados como nosso prezado
companheiro André Luiz.
(*) Todos os grifos são
nossos
Referências
(1) Kardec, Allan. O Livro dos
Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 67ª ed. Brasília.
Editora FEB, 1944. 494p.
(2) Luiz, André. Nosso Lar. Psicografado
por Francisco Cândido Xavier. 45ª ed. Brasília. Editora FEB, 1944. 281p.
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